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Em nota, a Oi afirmou ter infraestrutura suficiente para atender à demanda por dados móveis | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Em nota, a Oi afirmou ter infraestrutura suficiente para atender à demanda por dados móveis| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Ausência não deve prejudicar consumidor

Para especialistas em telecomunicação, o fato da Oi e a Nextel não participarem da licitação do 4G não traz prejuízos para o consumidor. Segundo Renato Pasquini, gerente de telecom da consultoria Frost&Sullivan, há "faixas alternativas" que podem ser negociadas pelas operadoras com a Anatel no futuro. Mas é provável que elas tenham de pagar mais por isso. Eduardo Tude, da consultoria Teleco, também acredita que não haverá perdas para o consumidor. "Apesar de ser uma faixa de frequências valiosa, por ter um raio de cobertura maior a partir das torres (ERBs), ela não é indispensável para a oferta de 4G", disse.

Na Europa, por exemplo, há países que já usam a frequência de 800 MHz para oferecer a telefonia de quarta geração. No Brasil, essa é a faixa usada pela Nextel para oferecer sua tecnologia de radiocomunicação.

Estadão Conteúdo

A Oi surpreendeu ao anunciar ontem que não irá participar do segundo leilão de internet 4G no país, marcado para a próxima terça-feira. Com a decisão, a operadora será a única grande do setor fora da disputa. Confirmaram participação na oferta de seis lotes da faixa de 700 MHz as operadoras Claro, TIM e Vivo. Já a Nextel também ficou de fora.

Em comunicado à Co­missão de Valores Mobiliários (CVM), a Oi informou já ter infraestrutura disponível "para atender à crescente demanda por dados móveis" de seus clientes. Para analistas, no entanto, por trás da decisão também há preocupação da empresa com seu alto nível de endividamento, que ultrapassa R$ 45 bilhões. "Parece-me coerente a desistência da empresa. Se ela comprasse esse ativo, teria também que investir na construção dessas redes, sendo que ela precisa investir na operação", disse o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude.

A medida ainda reforça a avaliação de que a Oi planeja uma fusão com a TIM. Em agosto, a empresa informou ao mercado ter contratado o banco BTG Pactual para viabilizar uma proposta de aquisição de participação indireta da Telecom Italia na TIM.

Segundo a reportagem apurou, diante dessa possibilidade, a desistência da Oi serviria para evitar mais empecilhos regulatórios da operação. A Anatel limita o uso do espectro por empresa, justamente para evitar concentração de mercado.

Por outro lado, a desistência da empresa traz prejuízos para a operação da Oi a longo prazo, de acordo com Juarez Quadros, sócio da Órion Consultores e ex-ministro das Comunicações. "Foi péssimo para a empresa, porque ela perde valor e competitividade", disse. Para ele, é ruim para a maior operadora de telefonia fixa do país ser a menor de telefonia móvel na hora de ofertar seus serviços.

A avaliação é que a Oi pode ser obrigada a alugar frequências dos concorrentes ou solicitar a Anatel autorização para adaptar a infraestrutura que já possui para internet de alta velocidade.

O ministro das Comu­nicações, Paulo Bernardo, acredita que o leilão não será prejudicado pela decisão da Oi, já que uma mesma empresa pode comprar mais de um lote em oferta. Portanto, a saída de uma competidora não significa, necessariamente, que um dos lotes não será arrematado.

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