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Roberto Azevêdo: regra do consenso é inegociável | Luke  McGregor/Reuters
Roberto Azevêdo: regra do consenso é inegociável| Foto: Luke McGregor/Reuters

No ano passado, o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), foi celebrado como um dos homens que conseguiu arrancar de mais de 150 países o primeiro acordo para facilitar o comércio global. Um ano depois, está numa corrida para salvar o mesmo acordo, refém de exigências da Índia. Em entrevista, Azevêdo fala das dificuldades da OMC, mas avisa: "Não vou jogar a toalha!" A Índia está decidida a manter o bloqueio enquanto a OMC não achar um acordo para subsídios à segurança alimentar. Quais as chances de satisfazê-la?

Os membros estão falando com a Índia. Eu mesmo estou pessoalmente envolvido neste diálogo. Acho que há boa vontade de se encontrar uma solução. A Índia não ganha nada com o impasse, ninguém ganha. A implementação de um acordo não é possível por causa de um bloqueio de um país?

Eu não disse que não é possível. Eu estou dizendo que não está acabado. Não é o ponto final. Eu não joguei a toalha. A toalha está no cantinho do ringue. Sou brasileiro. Brasileiro não desiste. O senhor defendeu reformas na OMC. Faz sentido manter o atual modelo de que tudo tem que ser aprovado por consenso?

Nós nunca vamos abrir mão da regra do consenso. O que temos que encontrar são maneiras de fazer com que o sistema opere com a regra do consenso. Demonstramos isso em Bali, conseguindo um acordo multilateral com consenso, na época, de 159 países-membros. A OMC ficou grande demais para um consenso?

Se tivesse uma dúzia de países, estaríamos no mesmo dilema. O problema está no centro das decisões da OMC entre as grandes economias. As grandes economias não estão em condições hoje de fazer determinados tipos de movimento. Bens primários voltaram a predominar nas exportações do Brasil. Isso é bom ou ruim?

Acho que se o Brasil não fosse um grande exportador na área agrícola seria um pecado. Tem que ter um equilíbrio: aproveitar as vantagens naturais para viabilizar um sistema de produção interna e externa competitiva e promotora de empregos de qualidade e crescimento sustentável.

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