Candidatos mentem mais sobre formação, idioma e experiência
Uma das principais dificuldades para contratar profissionais, a falta de experiência leva muitos candidatos a mentir em processos de seleção. Segundo uma pesquisa realizada pelo site Trabalhando.com, as mentiras mais contadas são, respectivamente: formação acadêmica, fluência em idioma estrangeiro e falsa experiência na área de atuação.
Segundo Renato Grinberg, diretor-geral do Trabalhando.com, muitas vezes a empresa solicita uma formação que julga ideal, mas que não é necessariamente obrigatória. "O candidato quer satisfazer esse necessidade, e muitas vezes acaba mentindo", conta. A experiência costuma ser a mentira mais comum entre os jovens, enquanto a fluência em determinado idioma se manifesta em todas as faixas etárias. Griberg alerta que os efeitos da mentira são muito piores que a falta de determinada competência ou capacitação. "Uma eventual deficiência pode ser resolvida, mas a mentira, não, e muitas vezes leva à eliminação de um candidato", alerta.
Falta de mão de obra obriga empresas a reforçar treinamento
A falta de profissionais nas áreas de engenharia e tecnologia também se manifesta em Curitiba. Na Engerey, que atua na montagem de painéis elétricos, os gestores encontram dificuldades para recrutar trabalhadores.
Segundo o gerente da empresa, Fabio Amaral, a oferta sempre foi reduzida, mas últimos três anos o problema tem sido mais intenso, afetando toda a cadeia produtiva da empresa. "A mão de obra escassa exige que os prazos para os projetos sejam dilatados, o que nem todos os clientes aceitam. Com isso, a capacidade produtiva diminui", conta.
Amaral destaca que algumas exigências como a experiência tiveram de ser relaxadas para facilitar o processo. O treinamento interno foi a solução adotada para preencher as vagas. "A gestão de pessoal se tornou um dos focos estratégicos da empresa. Procuramos profissionais em escolas técnicas e faculdades e depois damos estímulos para retê-los após a contratação", completa.
A tarefa de recrutar profissionais não tem sido fácil para os executivos brasileiros. Uma pesquisa realizada pela Manpower, multinacional especializada na área de recursos humanos, ouviu as empresas e constatou que, para 71% dos entrevistados, é grande a dificuldade para encontrar talentos. Os efeitos disso tendem a ser prejudiciais para 59% deles, que consideram o fato uma fonte de impacto médio ou alto perante clientes, investidores e a própria empresa. Foram ouvidos 40 mil empregadores em todo o mundo, dos quais 850 brasileiros, de diferentes regiões.
Comparado a 2011, quando 57% relataram dificuldades na busca de talentosos, a realidade brasileira piorou o índice saltou 14 pontos porcentuais. Em 2010, quando o país começou a fazer parte da pesquisa, a taxa era de 64%.
O cenário brasileiro é desfavorável também quando comparado ao de outras nações: a "taxa de dificuldade" é a segunda mais alta dentre uma lista de 41 países. À frente, liderando, está o Japão, onde 81% dos gestores veem dificuldade para contratar. A terceira colocada, bem atrás, é a Bulgária, com 51%, seguida pela Austrália (50%). A média de 41 países foi de 34%.
"Os dados mostram que se trata de uma questão estrutural. O potencial humano dentro das empresas tem ganhado importância como um diferencial perante o mercado", conta Riccardo Barberis, presidente da Manpower no Brasil.
Para Cristian Kim, diretor regional da Business Partners, consultoria especializada na área de recursos humanos e desenvolvimento organizacional, a realidade brasileira dificulta a busca por profissionais que se adequem às exigências. "Há escassez de talentos em todos os níveis, desde os primeiros estágios até a esfera executiva", diz.
Segundo Kim, o baixo crescimento econômico do país, principalmente até os anos 2000, fez com que as empresas oferecessem poucas vagas, principalmente no nível executivo, o que "relaxou" as exigências de educação formal.
Com a mudança no cenário, graças ao crescimento econômico, a escolha passou a ser mais criteriosa, mas o mercado não acompanhou. "A formação de pessoas ainda é inferior à necessidade, principalmente se compararmos a outros países", afirma Roberto Picino, diretor-executivo da Page Personnel, especializada em recrutamento.
Inexperiência
A pesquisa mostra que, para 40% dos empresários, o maior obstáculo para efetuar contratações é a falta de experiência dos candidatos. Outros aspectos têm importância bem menor caso da competência (12%) e do entusiasmo (9%).
A inexperiência, além de limitar as opções aos empregadores, também afeta os candidatos, levando-os até mesmo a mentir (leia mais nesta página). "Quem se distancia da experiência se distancia do mercado. Para os jovens que estão começando é fundamental procurar um trabalho o quanto antes", salienta Picino. Com o objetivo de superar essa questão, algumas empresas têm passado a investir em formação, tanto interna quanto externa.
Kim reforça que o investimento deve ser feito em duas frentes: a formação de líderes dentro da própria empresa e a busca por novos talentos: "Preparar um líder dentro da empresa é mais barato e eficaz, mas deve-se treinar também quem vai ocupar seu lugar quando ele for promovido". Para Barberis, a área de Recursos Humanos deve assumir um papel estratégico dentro da corporação. "O RH deve ser integrado ao restante do negócio e não visto de modo separado", diz.
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