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A crise política na Grécia parece não ter fim. Políticos gregos e europeus entraram ontem em choque – Bruxelas exige que os principais políticos locais assinem uma carta assumindo o compromisso de implementar as medidas de austeridade impostas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Inter­nacional (FMI) para que possam receber o resgate bilionário, mas a oposição grega se recusa a assinar a carta. Além disso, o terceiro dia de negociações entre os partidos foi concluído sem definir quem será o novo primeiro-ministro.

A União Europeia exigiu que os cinco principais atores políticos gregos assinassem uma carta se comprometendo a assumir as condições da reforma imposta por Bruxelas e pelo Fundo Monetário Internacional. Sem essas cartas assinadas, a UE e o FMI não liberariam a parcela de 8 bilhões de euros de que a Grécia precisa para pagar suas contas até o fim do ano.

A iniciativa escancarou a desconfiança da UE em relação aos gregos e as dúvidas que existem sobre o real compromisso de Atenas de cortar salários, pensões e adotar outras medidas. Em nenhum outro pacote de resgate – Irlanda ou Portugal – cartas foram exigidas. Em Atenas, políticos locais disseram que a União Europeia havia "ofendido" o país. As cartas teriam de ser assinadas por Georges Papandreou (primeiro-ministro demissionário), por Antonis Samaras (líder da oposição), pelo Banco Central grego, pelo novo primeiro-ministro e pelo novo ministro de Finanças.

Para o comissário de Assun­tos Econômicos da União Euro­peia, Olli Rehn, o compromisso por escrito era necessário para acabar com as dúvidas. "Pre­cisamos de um compromisso explícito e inequívoco", disse Rehn. Segundo ele, só assim o dinheiro seria liberado. "É preciso ficar claro em Atenas que a solidariedade é uma via de duas mãos e esperamos que a classe política assuma suas responsabilidades", completou. Antonis Sa­­maras, porém, não disfarçou o mal-estar e abriu uma crise. "Ainda existe a dignidade nacional", disse, indicando que não aceitaria assinar o documento. "Eu já disse que a implementação do pacote é inevitável. Não há por que ter dúvidas sobre minhas declarações", afirmou.

As negociações entre o socialista Pasok (de Papandreou) e a Nova Democracia (de Samaras) para a montagem de um gabinete não avançaram como se esperava. O nome de Lucas Papa­demos – o preferido dos ban­­queiros e consenso entre os partidos – voltou a ganhar força para ocupar o cargo. A imprensa grega já dava sua indicação como certa. Papa­demos foi vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e conduziu, em 2002, a Grécia para a zona do euro. O tecnocrata teria a difícil missão de se manter à frente de um governo durante 100 dias para adotar o pacote de austeridade e preparar eleições gerais.

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