As maiores redes de óticas do país devem tentar acelerar a consolidação de seu mercado, que ainda é muito pulverizado, durante este período de crise. Hoje, dos cerca de 25 mil pontos de venda do segmento, apenas 10% pertencem às três líderes. O trabalho dessas empresas para ampliar seu domínio em 2015 deve incluir a conversão de lojas independentes e a aquisição de redes regionais. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), o mercado brasileiro tem 86 redes de varejo de óticas – no entanto, mesmo companhias com menos de dez lojas são classificadas como “cadeias”.
No Brasil, somente a Óticas Diniz, Óticas Carol e Chilli Beans têm mais de 500 unidades – 738, 733 e 600 lojas, respectivamente, segundo a associação. A quarta da lista é a Triton, com 160 unidades, seguida de Fotótica e Óticas do Povo, ambas com cerca de cem lojas.
O setor faturou R$ 23 bilhões em 2014 e projeta uma expansão de 10% para 2015. “As fabricantes estrangeiras estão se recuperando e vão aumentar a oferta, algo que beneficia o varejo. Mas a conjuntura econômica pode minimizar esse efeito no Brasil”, diz o presidente da Abióptica, Bento Alcoforado.
A Abiótica está revisando suas projeções diante do novo patamar cambial e da piora da economia brasileira. “Todos os mercados são afetados pela desaceleração da economia. Cerca de 80% da compra de óculos é parcelada e compromete a renda futura. A queda da confiança do consumidor e a alta dos juros prejudicam as vendas do setor”, explica o consultor Marcos Gouvêa, da GS&MD.
Hoje, cerca de 85% dos óculos vendidos no país são importados. Desde o início do ano, o dólar subiu mais de 20% sobre o real e o setor espera uma correção de preços no varejo. “Se o varejo repassar toda a alta do dólar, o consumo cai. Entendemos que o melhor a fazer é reduzir a margem para manter o faturamento”, disse Alcoforado.
A crise deve motivar a conversão de lojas independentes para o modelo de franquias, fortalecendo as redes, na visão de especialistas. “A formação de redes é uma tendência em todos o varejo. Escala traz competitividade para o lojista”, avalia Gouvêa. Dentro de uma rede, o lojista passa a ter mais poder de barganha com fornecedores e redução de custo de marketing.
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