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Os relatos na internet têm si­­do especialmente impressionantes para os sul-coreanos, oferecendo uma visão rara do "reino eremita" livre da parcialidade de seu próprio governo, sejam os anticomunistas que retratam o Norte da pior forma, ou os liberais que embelezam más notícias com medo de colocar em risco as chances de di­­minuição das tensões. "Te­­nho orgulho do meu trabalho", disse Mun Seong-hwi, desertor que virou web-jornalista, trabalha com os informantes e usa um apelido para proteger os parentes que deixou para trás. "Ajudei o mundo exterior a ver a Coreia do Norte como ela é".

Mesmo na época da Cortina de Ferro, a Coreia do Norte era uma das sociedades mais en­­clausuradas do mundo. Havia poucas embaixadas ocidentais onde espiões se passavam por diplomatas. Com os cidadãos in­­cumbidos de vigiar uns aos outros em busca de atividades suspeitas, es­­tra­nhos não passavam despercebidos por muito tempo.

Dos 8.400 agentes que a Co­­reia do Sul enviou além das fron­­teiras entre o final da Guer­­ra da Coreia, em 1953, e 1994, apenas 2.200, ou 1 em ca­­da 4, voltaram para casa. Al­­guns desertaram, segundo ex-agentes, mas muitos foram mor­­tos.

Em 2008, quando o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Il, teve um derrame, foi uma sondagem à distância, em vez de es­­pio­nagem em campo, que di­­vulgou a notícia. Agentes sul-coreanos interceptaram uma mensagem de e-mail do governo contendo exames cerebrais, segundo a revista Monthly Cho­­sun.

Os sites não revelaram notícias tão delicadas, embora as implicações de seus relatos da crise atual, mais tarde confir­ma­da por oficiais do governo sul-coreano, tenham tido longo alcance. Eles disseram que o Norte estava exigindo que as pes­­soas trocassem notas de di­­nheiro antigas por novas, a uma conversão de 100 para 1, assim como limitando a quantidade de dinheiro antigo que poderia ser trocada. Isso sugeriu que autoridades do Norte estavam sendo linha-dura com as poucas iniciativas privadas que eles toleraram, acabando com esperanças de que o país po­­deria seguir o exemplo da Chi­­na de pelo menos abrir sua economia em breve.

Mesmo assim, os sites ainda enfrentam muitos desafios. Os celulares funcionam na rede de telefonia móvel da China, então eles operam apenas dentro de um limite de distância da fronteira chinesa. Pelo fato de que os norte-coreanos não podem viajar livremente em seu país, os sites são obrigados a depender em sua maioria de pessoas que moram perto da China.

Além disso, Ha Tae-keung, que gerencia um dos sites, afirma que algumas fontes têm tendência a exagerar, possivelmente na esperança de ganhar os bônus que ele oferece por furos de reportagem. Ao mesmo tempo, ele e outros operadores de sites ficam vulneráveis a "corretores de informações" do Norte, que vendem no­­tícias falsas.

Mas Ha disse que a qualidade da informação estava me­­lhorando, à medida que os sites contratam mais desertores que deixaram empregos no governo e permaneceram em contato com antigos colegas, muitas vezes por celular. "Esses membros do governo fornecem no­­tícias porque se sentem inseguros quanto ao futuro do regime e querem ter uma ligação com o mundo exterior", ele disse, "ou por causa da amizade que têm com os desertores que trabalham para nós, ou por di­­nheiro".

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