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Supermercados cheios: clientes aumentaram os estoques de alimentos | Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo
Supermercados cheios: clientes aumentaram os estoques de alimentos| Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo

Suinocultores

Nome provoca perdas

Os produtores de suínos do Paraná estimam perdas de R$ 124 milhões com a redução nas vendas desde que começaram a aparecer os primeiros casos da gripe A, há quatro meses. Embora o consumo da carne de porco cozida não esteja associado ao contágio, a denominação de gripe suína à doença transmitida pelo vírus H1N1 levou muita gente a deixar de consumir a proteína, segundo o vice-presidente da Associação Paranaense de Suinocultures (APS), Luis Bisewski. A redução das vendas no mercado interno, aliada ao fraco desempenho das exportações, aumentou a oferta e fez cair o valor pago ao produtor. O preço do quilo da carne, que vinha em recuperação depois do baque da crise internacional, chegou a cair para R$ 1,70 no início de junho. Está agora a R$ 2, mas ainda aquém do custo de produção, de R$ 2,30, de acordo com Bisewski. Em parte porque o consumo no mercado interno não tem reagido com intensidade, uma vez que as carnes bovina e de frango estão mais baratas pela queda nas suas exportações. A expectativa agora é em relação às festas de fim de ano, que costumam aquecer as vendas. O Paraná produz 404 mil toneladas por mês de carne de porco e abate 517,5 mil unidades/mês. Atualmente são 8 mil produtores no estado.

A cadeia emprega 210 mil pessoas. (CR)

Apesar dos seus efeitos negativos, a gripe A não trouxe somente prejuízos para a economia. Há quem tenha tido incremento nos negócios por conta da mudança no comportamento do consumidor. Supermercados, farmácias, videolocadoras e serviços com delivery estão entre os setores que "ganharam" com a doença. Nos supermercados, o movimento cresceu 10% em relação à média durante as duas primeiras semanas de agosto, segundo Valmor Rovaris, superintendente da Associação Para­naense de Supermercados (Apras).

A boataria em relação à possibilidade de fechamento das lojas e a decisão de passar mais tempo em casa fizeram com que muitas famílias aumentassem os estoques de alimentos. "Esse impacto aos poucos está sendo diluído. As famílias reforçaram as compras e agora tendem a consumir menos. Mas mesmo assim, o incremento de vendas deve ficar entre 2% e 3%. Muita gente passou a comprar mais produtos porque deixou de fazer refeições fora de casa", diz.

O inverno é tradicionalmente uma boa estação para locadoras de dvd e pizzarias, mas nesse ano a gripe turbinou os negócios. A Cartoon Video, por exemplo, teve recentemente "o melhor movimento de sua história em 23 anos", nas palavras do seu administrador Neivo Zanini. Segundo ele, nas férias de julho as locações costumam au­­men­­tar 20%. Mas em um dos últimos fins de semana deste mês, a combinação de frio, chuva, viagens canceladas e medo da gripe trouxe um aumento de 50% nas locações.

Em seguida, durante o período em que as aulas foram adiadas em escolas, colégios e faculdades, a demanda se manteve 30% acima do normal, segundo Zanini. Na Baggio Pizzaria, no Água Verde, a auxiliar de gerência Bruna Fedrizzi conta que, nos últimos dias, aumentaram os pedidos em casa, ao mesmo tempo em que caiu o movimento no salão do estabelecimento. Essa mudança, segundo Bruna, não chegou a trazer lucros ou prejuízos – "uma situação compensou a outra" – mas gerou um reflexo indesejável. "A nossa estrutura de entrega continuou a mesma. Então o resultado é que agora as pizzas demoram um pouco mais para chegar ao destino."

Nas farmácias, cresceu o volume de vendas de medicamentos relacionados à gripe, mas o fluxo de pessoas nas lojas caiu em torno de 10%. "No fim das contas, uma coisa compensou a outra", afirma Edenir Zandoná Júnior, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Farmácias do (Sindifarma).

A gripe também virou oportunidade de negócios para o empresário Pedro Pires, proprietário da Pandolfo e Cardoso, fabricante de cosméticos e produtos de limpeza localizada em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. Com a propagação da doença, ele decidiu aumentar a produção de álcool gel e reduzir a fabricação de sabonete. O empresário investiu R$ 120 mil para ampliar a fabricação de 700 litros de álcool ao dia, para 2,8 mil litros. O valor foi aplicado principalmente na aquisição de insumos e novos equipamentos, na contratação de dois novos funcionários e no pagamento de horas-extras.

Segundo Pires, mesmo com a forte demanda por álcool gel, ele não aumentou seus preços. "O galão de 5 litros se manteve na faixa de R$ 20, enquanto o refil de 800 ml fica em R$ 4". Sem precisar inflacionar o produto, ele espera contabilizar, daqui a dois meses, um lucro que irá restituir, com folga, todo o seu investimento. "Aumentamos nossas vendas em 50%, e o número de clientes cresceu 15%. Não temos do que reclamar."

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