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Apesar dos investimentos, nem tudo corre a passos largos no setor. Ainda há muitos hospitais em crise, que sofrem com falta de recursos e com o subfinanciamento crônico. A maioria, principalmente que atende ao Sistema Único de Saúde (SUS), ainda fecha o mês no vermelho. Estima-se que pelo menos quatro hospitais estejam à venda somente em Curitiba.

Então, não é uma contradição o setor investir nessas condições? "Em muitos casos, o investimento está atrelado muito mais à necessidade de não perder mercado do que a algum sinal de crescimento monetário", argumenta Luiz Rodrigo Milano, vice-presidente da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar). Há também a necessidade de atualização tecnológica do parque de equipamentos, o que exige que investimento constante.

A equação financeira do setor é complexa. Os hospitais detêm o custo, mas não controlam a remuneração, que é feita pelo SUS e pelos planos. "Não sei dizer quantas pessoas vão ter pneumonia nos próximos meses. O hopital tem uma mecânica diferente de uma fábrica, cuja produção segue o ritmo pré-determinado de encomendas das lojas", compara Luiz Eduardo Blanski, diretor executivo do hospital Nossa Senhora das Graças.

O setor também convive com outra contradição. En­­quanto há filas de pacientes à espera para serem atendidos no SUS, nos planos complementares a situação é diferente. Muitos sofrem com o excesso do número de leitos e oferta de serviços, o que ajuda a achatar a remuneração dos planos de saúde. O fenômeno começou na década de 1990, quando vários hospitais particulares deixaram de atender pelo SUS, diz o presidente da Associação dos Hospitais do Paraná, Benno Kreisel. "A demanda de saúde suplementar não substituiu o SUS. Há hospitais que fecharam andares inteiros por falta de pacientes", afirma.

De acordo com dados da Fehospar, Curitiba tem 48 hospitais, o mesmo número que tinha na década de 1990. Em todo o Paraná são 553 hospitais, que empregam diretamente 44 mil pessoas. Não há dados sobre quanto o setor hospitalar movimenta no estado. No ano passado, o segmento de saúde foi responsável por gerar R$ 430 milhões em ICMS e R$ 56,3 milhões em Imposto sobre Serviços (ISS).

Investimentos

Os investimentos locais, porém, ainda são pequenos quando comparados à outras praças. Em São Paulo, o maior mercado hospitalar do país, estão em curso hoje investimentos de cerca de R$ 2 bilhões por grupos como Sírio Libanês e Albert Einstein. No Rio, estima-se que outros R$ 500 milhões estejam sendo aplicados em ampliações, reformas e novos centros médicos. Para os representantes do setor, Curitiba deve repetir esse boom de investimentos dentro de alguns anos, com o aumento do número de aquisições de hospitais e com a entrada mais forte de fundos de private equity nesse setor. A expectativa também leva em consideração o potencial de crescimento da saúde privada no Paraná. A taxa de cobertura hoje é de 21%, segundo a Agência Nacional de Saúde (ANS), contra 42,5% em São Paulo e de 34,9% no Rio de Janeiro.

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