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Caminhonete F-150, da Ford, “emagreceu” 300 quilos com o uso de alumínio: consumo caiu 7% | Divulgação
Caminhonete F-150, da Ford, “emagreceu” 300 quilos com o uso de alumínio: consumo caiu 7%| Foto: Divulgação

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Venda de modelos certificados por eficiência energética cresce 10%

O número de veículos comercializados no Brasil classificados quanto a sua eficiência energética aumentou 10% em 2014, segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), coordenado pelo Inmetro. O programa, que classifica o consumo e emissão de gases por modelos de carros no Brasil – como a autonomia em quilômetros por litro de combustível na cidade e na estrada, e a emissão de gases do efeito estufa –, é de adesão voluntária, mas mesmo assim apresentou crescimento. Atualmente, são 495 modelos que exibem a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia. Segundo o instituto, 70% dos veículos comercializados no país apresentam a avaliação certificada.

De acordo com o diretor de Avaliação de Conformidade do Inmetro, Alfredo Lobo, os resultados têm sido satisfatórios. "Houve uma melhora de 3% na média dos consumos dos veículos ‘A’ subcompactos em relação ao ciclo 2013. Até 2017, 100% dos veículos declarados terão a etiqueta em seus vidros", afirma.

Segundo ele, as tecnologias embarcadas nos novos modelos contribuem para este resultado. "Existem mecanismos que estão ajudando a economizarmos combustível, como injeção direta e até o start stop, sistema que desliga o motor de forma instantânea quando o carro encontra-se sem movimento", completa.

A exemplo do que já ocorre para refrigeradores, aparelhos de ar-condicionado, fogões e fornos a gás, televisores, lâmpadas e outros produtos, os veículos recebem etiqueta com faixas coloridas de ‘A’ (mais eficiente) até ‘E’ (menos eficiente). Uma das novidades é que o consumidor também terá informações da emissão de gases poluentes desses veículos.

Produzir veículos mais econômicos e sustentáveis é um novo mantra para os fabricantes de veículos e componentes. Pressionada pela concorrência e refém dos preços internacionais do petróleo, a indústria automobilística tem testado novas tecnologias e materiais nos seus lançamentos. Atualmente, a principal tendência para que o consumidor gaste menos com combustível é produzir carros mais leves. Segundo cálculos das próprias montadoras, uma redução de 10% no peso do veículo representa uma economia de 5% a 10% no consumo.

INFOGRÁFICO: Veja o crescimento da venda de combustíveis

A cada 100 quilos de redução de peso de um automóvel, cerca de 400 a 900 litros de combustível podem ser economizados durante todo o ciclo de vida do veículo, segundo a consultoria JD Power. Em veículos de alta circulação, como ônibus e táxis, a economia pode chegar a 3 mil litros.

O uso de alumínio é o principal recurso para tentar deixar os carros mais leves e, consequentemente, mais econômicos. De acordo com dados do Instituto Internacional do Alumínio (IAI, em inglês), cada tonelada do metal utilizado em substituição do ferro fundido em motores poderia economizar até 8 mil litros de petróleo durante a vida útil de um automóvel. "Os gastos com combustível são determinantes para um cliente na hora da escolha do automóvel e a indústria viu que deixar os veículos mais leves é um caminho eficiente para isso", explica o sócio para a indústria automotiva no Brasil da JD Power, Acácio Fernandes.

Em alguns casos, a troca dos metais pode deixar peças com a metade do peso original. O novo Mercedes-Benz Classe C tem carroceria parcialmente em alumínio e pesa cerca de 70 quilos menos do que a de toda em aço. A participação do metal mais leve passou de menos de 10% para quase 50% do total de peças. O Volkswagen Touareg perdeu mais de 200 quilos com a substituição. A caminhonete F-150, da Ford, "emagreceu" 300 quilos e vai consumir 7% menos combustível.

O problema é o custo, que pode dobrar na produção de algumas peças. Isso limitou o uso a modelos mais caros. "É uma tecnologia que chegou ao consumidor final recentemente. A tendência é se popularizar com o passar dos anos", diz o consultor de inovação industrial da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Fabiano Pauluk.

Plástico

O uso de materiais naturais para os componentes de plástico também estão cada vez mais presentes nos veículos com o mesmo objetivo. A evolução da pesquisa em nanotecnologia, por exemplo, torna possível a redução da camada de plástico do parachoque de 4 para 1,8 milímetros.

"Mesmo sendo uma mudança mínima, a redução de peso é significativa, o custo diminui e temos o mesmo resultado final, sem prejudicar a segurança", explica o gerente de engenharia avançada e de materiais da Plascar, Márcio Tiraboschi. O plástico usado atualmente conta com nanopartículas de argila que aumentam em 60% a resistência do material.

Fabricação

Materiais "verdes" também ganham espaço

Além do uso de materiais mais leves, componentes sustentáveis e com selos ambientais também estão mais presentes nos veículos. A tendência é reduzir a dependência em relação ao petróleo como matéria-prima, "limpar" os processos produtivos e partir para recursos renováveis. Para isso, usa-se cada vez mais óleo de mamona, fibras de cana e até mesmo sisal.

A proporção de plástico reciclado já é maioria nos carros de passeio. Maior parte das montadores também já usa solventes naturais para realizar a pintura dos veículos. Em média, 30% dos materiais usados nos novos lançamentos são "verdes". "Não faria sentido existir uma regulamentação para a emissão dos gases dos motores se os processos industriais continuarem os mesmos", afirma Fabiano Pauluk, da CNI.

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