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O setor exportador recebeu com cautela o pacote cambial anunciado pelo governo federal. "Todo o pacote é tímido", avalia Neri Dal Prá, presidente do Instituto Centro de Comércio Exterior do Paraná (Cexpar). "Mas alguma coisa é sempre melhor do que nada." Para ele, o pacote falha ao não abordar questões como carga tributária e juros.

A Volkswagen do Brasil, quinta maior exportadora do país e empresa que vem culpando a desvalorização do dólar pela crise que atravessa, avalia que ainda é preciso aguardar como o mercado vai reagir às medidas anunciadas, para então saber o impacto delas nas contas da empresa. "É a primeira vez que esta medida é adotada, e precisamos ver se a cotação do dólar vai mesmo subir, e quanto", afirma a diretora de Assuntos Corporativos e Imprensa da Volks, Júnia Nogueira de Sá. Ainda assim, ela considera positivo o anúncio do governo.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, não vê avanço significativo no pacote. "Houve uma melhoria na desburocratização do processo, uma simplificação na operação de câmbio, mas as medidas, na verdade, devem trazer pouco efeito prático para a economia", avaliou. Para ele, nem mesmo a desoneração da CPMF incidente sobre o porcentual de recursos que ficará fora do país deve melhorar a situação dos exportadores.

No entendimento do economista Getúlio Pernambuco, da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o efeito do pacote cambial será limitado sobre o setor, que amarga perdas por conta do dólar fraco. Tanto ele quanto Rocha Loures, da Fiep, e Neri Dal Prá, do Cexpar, crêem que poucos serão os empresários que irão optar por manter dólares no exterior, já que as aplicações financeiras são mais vantajosas no Brasil. "Muita gente aproveita para internalizar dólar, transformar em real e fazer especulação no mercado financeiro, já que nossa taxa de juros é uma obscenidade", considera Dal Prá.

O gerente comercial da trading Esteve, que comercializa algodão, Marco Antônio Aluísio, compartilha da opinião. "Enquanto a gente tiver juros aqui pagando muito mais do que lá fora, é preferível pagar CPMF, trazer o dinheiro e aplicar no mercado interno." Segundo ele, a medida do governo só ajuda para o pagamento de contas com prazos curtos.

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