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Requião, Lobão, Justus e Gabrielli participam de seminário sobre o pré-sal: discursos tiveram tom nacionalista | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Requião, Lobão, Justus e Gabrielli participam de seminário sobre o pré-sal: discursos tiveram tom nacionalista| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Petrobras

Gabrielli vê assimetria no uso do FGTS - Esclarecendo que se trata de opinião pessoal, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, também disse ontem ser favorável a alterações na distribuição dos royalties, ainda que reservando uma parcela maior aos estados produtores. Em relação à possibilidade de que cotistas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) comprem mais ações da companhia no futuro processo de capitalização, Gabrielli disse que isso pode causar "assimetria de direitos".

Pela lei societária, como o governo quer fazer um aporte de recursos na Petrobras, os acionistas minoritários – como os que compraram papéis da empresa com parte de seu saldo no fundo, em 2000 – têm direito a fazer o mesmo, de forma a manter sua participação proporcional na companhia.

"Se você abrir a possibilidade de quem optou por isso em 2000 fazer mais aquisições, você está diferenciando ainda mais esse ‘empregado’ do FGTS dos outros ‘empregados’. Você terá uma assimetria de direitos, vai privilegiar quem fez essa opção no passado", disse Gabrielli, em entrevista coletiva. Por outro lado, argumentou o executivo, estender a possibilidade de compra para todos os cotistas do FGTS desvirtuaria o processo de capitalização, do qual só podem participar os atuais acionistas.

Paraná - O presidente da Petrobras deu a entender que, pelas regras atuais, e pela atual divisão do mar territorial, é mínima a possibilidade de que o Paraná tenha algo a ganhar com o pré-sal. Mas citou que, em águas rasas, fora da camada pré-sal, existem "possibilidades exploratórias interessantes". "Já temos descobertas em Santa Catarina, mas não ainda na área do Paraná. É possível, não temos nenhuma informação hoje, mas pode acontecer."

Sem debate, evento apoia o governo

O seminário sobre o pré-sal realizado ontem em Curitiba lembrou o de dezembro de 2008, intitulado "Crise: Rumos e Verdades". Nas duas ocasiões, o governador Roberto Requião e seus convidados reunidos no Canal da Música puderam expor, sem contestação ou debate propriamente dito, e para um público amistoso, suas ideias sobre a participação do Estado na economia.

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Dois ministros disseram ontem, em Curitiba, ser favoráveis a mu­­danças imediatas na forma de distribuição dos royalties do pré-sal – o que contraria a vontade da cúpula do governo. Durante o seminário "Pré-Sal: O Brasil no caminho certo", realizado pelo governo estadual, os ministros Edison Lobão, de Minas e Energia, e Paulo Bernardo, do Planeja­­mento, defenderam que se alterem desde já os critérios de repartição dos recursos – o que beneficiaria os municípios e estados que não produzem petróleo.A orientação do presidente Lula e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, era que os royalties fossem objeto de regulamentação específica, a ser discutida após a aprovação dos quatro projetos sobre o pré-sal no Con­­gresso. Pressionado pelos governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo – os três estados que mais têm a ganhar com a manutenção do atual modelo –, Lula havia concordado em não mexer tão cedo nesse vespeiro, imaginando que, assim, aceleraria a aprovação dos projetos.Mas a interpretação de Paulo Bernardo é que, se forem ignoradas as demandas dos estados não produtores, poderá ocorrer uma "guerra federativa" na Câmara. "O próprio relator [do projeto do modelo de exploração, deputado Henrique Eduardo Alves, do PMDB-RN] tem ponderado que, se for sem tratamento adequado, sem atenção para os demais estados, vai virar uma guerra, de 24 contra 3. Porque, com exceção de São Paulo, Rio e Espírito Santo, todos acham que tem que ter mu­­dança. Fatalmente, no plenário isso [a manutenção do modelo atual] vai ser derrotado. Acho que uma solução mediada é muito melhor do que fazer uma guerra federativa."

Embora defenda uma distribuição menos concentrada dos royalties, o ministro admitiu que os estados produtores devem ter tratamento diferenciado. "Até porque tem o problema de eventuais impactos ambientais, adensamento populacional por conta da indústria, impacto eventual no turismo. O que não pode é ficar tudo com eles."

Paulo Bernardo também pregou que as mudanças sejam válidas apenas para as novas áreas do pré-sal. "O que está em vigor, já sendo explorado, permanece como está. E os recursos novos teriam uma nova repartição. Acho que isso é totalmente defensável. In­­defensável é ficar do jeito que está."

O presidente Lula, entretanto, parece não estar seguro sobre a "solução" encontrada por Henrique Alves. Os relatórios dos quatro projetos de lei do pré-sal seriam entregues ontem, mas, quando soube da intenção do relator, o presidente pediu que a apresentação fosse adiada por uma semana. Inicialmente disposto a seguir a orientação de não mudar os royalties, Alves admitiu ter acolhido a sugestão de outros membros da comissão e reduzido consideravelmente as parcelas destinadas à União e a estados e municípios produtores.

Revisão

Em seu discurso no seminário, Edison Lobão também defendeu mudanças. "Nos últimos três anos, houve a distribuição de R$ 32 bilhões para os chamados estados produtores; somente um estado [o Rio de Janeiro] recebeu R$ 30 bilhões. Para todos os demais municípios brasileiros, houve uma distribuição no último ano de R$ 800 milhões; para um município apenas, no estado do Rio de Janeiro, R$ 1 bilhão. Será que esses critérios estão corretos? Ou será que devemos promover uma revisão de tudo isso, para que o povo brasileiro seja verdadeiramente o beneficiado dessa riqueza?"

Afirmando não ter qualquer pedido ao ministro Lobão, o governador Roberto Requião disse, antes do início do seminário, que "a demanda do Paraná é que o petróleo seja do Brasil". "Municí­­pios e estados acabam no quebra-mar. Dali para a frente, é propriedade da União. E esse petróleo tem que beneficiar o país."

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