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Por que não investir em um país próximo do Brasil, com carga tributária seis vezes menor, encargos sociais quase insignificantes, energia elétrica barata, ampla abertura comercial e generosos incentivos às exportações? É essa a pergunta que o governo do Paraguai vem fazendo a empresários brasileiros, muitos deles paranaenses, desde o início deste ano, quando começou a ganhar corpo a Rediex, abreviatura para Rede de Investimentos e Exportações. As vantagens oferecidas pelos "hermanos" são tantas que já há quem considere problema menor a histórica má fama do país vizinho – motivada pela profusão de mercadorias de procedência e qualidade duvidosa vendidas do lado de lá da Ponte da Amizade.

Criada pelo Ministério da Indústria e Comércio no fim de 2004, em paralelo com o Plano Nacional de Exportações do Paraguai, a Rediex busca aumentar as vendas externas do país, que em 2005 foram de US$ 3,13 bilhões, frente a importações declaradas de US$ 3,83 bilhões. Inspirada nos modelos da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e de programas similares do Chile, Espanha, Colômbia e Guatemala, a rede ainda concentra esforços em aumentar a competitividade das empresas paraguaias.

Mas, aos poucos, leva adiante outra estratégia do programa: atrair empresas estrangeiras que aceitem industrializar produtos no Paraguai, com matéria-prima importada, para em seguida exportá-los. Em toda essa operação, conhecida como "maquila", o imposto cobrado é de apenas 1% sobre o valor agregado no Paraguai.

Mesmo tendo participação ainda discreta no comércio exterior paraguaio, as maquilas estão em forte expansão: em 2004, as exportações por meio desse programa foram de US$ 8,9 milhões. Apenas no primeiro semestre de 2006, chegaram a US$ 32,3 milhões. A brasileira Mega Plásticos, de São Paulo, investiu no ano passado US$ 20 milhões em uma fábrica de resinas plásticas, e vai aplicar outros US$ 10 milhões até 2007. A Penalty está terminando uma fábrica em Ciudad del Este, ao custo de US$ 3,5 milhões, e outras empresas já aprovaram investimentos de US$ 70 milhões até o fim de 2006.

"O processo para concretizarmos um investimento é longo. Mas temos mantido conversas constantes com aproximadamente 70 empresas estrangeiras, do Brasil, Estados Unidos, Alemanha e México", diz o diretor geral da Rediex, Victor Varela. Sem citar nomes, por conta da confidencialidade dos acordos, ele informa que dez dessas companhias são brasileiras, sendo "três ou quatro" paranaenses.

Para atrair novos parceiros, os paraguaios têm promovido visitas aos principais centros econômicos do país. Vários grupos de paranaenses já foram convidados – e quem esteve lá voltou fazendo as contas. "Dependendo do setor, já não há mais qualquer vantagem em ficar no Paraná. Então, a empresa pode transferir parte das máquinas para o Paraguai, barateando o custo de produção, e exportar os produtos para cá. Ou seja, ela volta a ser competitiva dentro do próprio mercado brasileiro", comenta o presidente do Sindicato da Indústria Metal-Mecânica do Paraná (Sindimetal-PR), Roberto Karam, que visitou o Paraguai no mês passado.

Apesar do elogio generalizado aos incentivos da Rediex, é comum ouvir dos empresários ressalvas em relação à segurança de se investir no país vizinho. "Em quase toda a América Latina, a parte política é muito volátil", diz um deles, que pediu anonimato. "Quem garante que um novo governo paraguaio não vai fazer o que fizeram na Bolívia com a Petrobras?"

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