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Demeterco, da Capital Realty: de origem paranaense, empresa já opera centros logísticos em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e agora começa a construir no Paraná | D´Contreras/ILEXPHOTO/Divulgação
Demeterco, da Capital Realty: de origem paranaense, empresa já opera centros logísticos em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e agora começa a construir no Paraná| Foto: D´Contreras/ILEXPHOTO/Divulgação

Sem terceirização

Zaeli prefere estrutura própria

Apesar da tendência de terceirização das operações de logística, a paranaense Alimentos Zaeli prefere tomar conta dessa estrutura. Recentemente, a empresa anunciou um investimento de R$ 7 milhões para a aquisição de 49 caminhões novos. E planeja comprar, até o fim do ano, mais 45 veículos para atender às novas filiais da Bahia, Pará, Maranhão e Ceará.

De acordo com o presidente da Zaeli, Valdemir Zago, manter uma frota própria permite à administração controlar todo o processo logístico e, com isso, baixar custos. "Uma das razões é que dependemos de produto de época e, na safra, não podemos correr o risco de não produzir um produto por falta de matéria-prima. Outro ponto importante é que podemos atender à demanda de maneira rápida, segura e econômica", afirma Zago.

Com sede em Umuarama, Noroeste do Paraná, a marca Zaeli está presente em mais de 40 mil pontos de venda do país. A capacidade dos centros da Zaeli é de 12 mil toneladas. "No Paraná, atendemos dos pontos 100% com frota própria. Temos projeto de abrir filiais na região Oeste do estado e na região de Campo Grande (MS)", afirma o presidente.

Afonso Pena entra na rota de transportadora

As empresas de transporte aéreo também têm aumentado a presença e a capacidade de atendimento no Paraná. É o caso da JadLog, uma das maiores empresas de transporte de cargas expressas fracionadas do país. A partir deste mês, o Aeroporto Afonso Pena, de São José os Pinhais, vai receber voos regulares do avião ATR 42, que tem capacidade para até 5 toneladas de carga e é o primeiro desse modelo a operar no Brasil exclusivamente como cargueiro – esse tipo de aeronave é muito usado por companhias de aviação regionais.

O ATR 42 vai passar pelo Afonso Pena de segunda a sexta-feira, depois de passar por Porto Alegre. Em seguida, ele decola para Jundiaí (SP), onde a empresa mantém um hangar. No interior de São Paulo são centralizados os despachos de remessas expressas para todo o país.

De acordo com o diretor da JadLog, Ronan Hudson, o Paraná é o segundo estado em volume de carga da empresa, atrás apenas de São Paulo. "No primeiro trimestre deste ano crescemos 50% no Paraná, e Curitiba tem uma forte participação. O transporte das empresas paranaenses, a maioria da capital e região, vai geralmente para o Sudeste, com produtos de alto valor agregado. Outras regiões do estado são bem atendidas pela malha rodoviária e por aviões comerciais", explica Hudson.A capacidade do cargueiro já está quase totalmente preenchida – as encomendas diárias já somam 4,5 toneladas. As principais clientes da JadLog são as empresas Positivo Informática, Calçados Beira-Rio, Datelli, Embratec, Arezzo, Springer Carrier e Condor.

Fusão

A empresa paranaense SkyLine Customs Services, que atua no setor de agenciamento de cargas internacionais, anunciou recentemente uma fusão com a americana Expert-log. Com a fusão, o faturamento anual da SkyLine vai aumentar cerca de 35%, passando a cerca de R$ 50 milhões. Cinco escritórios no Brasil e em Miami (EUA) estarão interligados aos 120 escritórios de agentes distribuídos pelo mundo.

A forte expansão do consumo brasileiro deu estímulo extra para que grandes redes varejistas e industriais expandissem sua atuação para além do eixo Rio-São Paulo. E, nesse movimento de descentralização, muitas delas optaram por terceirizar as operações de logística, a fim de reduzir os gastos com a distribuição de produtos longe de suas sedes. As regiões Nordeste e Sul são as principais beneficiadas pela tendência – e, nesta última, Curitiba e seu entorno aparecem com um grande potencial de atração de investimentos, até pela maior proximidade dos grandes centros do Sudeste. Mas, ao mesmo tempo, algumas peculiaridades do Paraná – como o perfil mais "agrícola" do Porto de Paranaguá – podem ser barreiras à atração de empresas com foco em comércio exterior.

No mês passado, o grupo Capital Realty anunciou a construção do primeiro condomínio logístico do Paraná, em Campina Grande do Sul (região metropolitana de Curitiba), com previsão de entrega no primeiro semestre de 2012. Paranaense, a Capital Realty existe há 12 anos e já opera centros logísticos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. "Temos outros armazéns na região de Curitiba, mas nenhum está dentro de um condomínio. O local para a construção de um grande empreendimento tem de estar bem localizado, e nesse caso o centro ficará na BR-116, principal ligação do Sul com São Paulo. As empresas podem deixar seus produtos no local e podemos distribuir para o mercado paranaense, por estarmos perto de Curitiba e dos principais acessos para o interior", salienta o diretor da empresa, Rodrigo Demeterco.

O Mega Centro Curitiba, como será chamado, terá entre 120 mil e 130 mil metros quadrados. O valor do investimento não é revelado. Entretanto, apenas na ampliação do centro de Itajaí (SC), o grupo gastou R$ 40 milhões, aumentando a área construída de 18 mil metros quadrados para 29 mil metros quadrados. O custo por metro quadrado, portanto, ficou em cerca de R$ 3,6 mil – se repetido no condomínio de Campina Grande do Sul, o investimento total pode passar de R$ 400 milhões.

A família Demeterco é a fundadora da rede de supermercados Mercadorama, que nos anos 1990 foi vendida para o grupo português Sonae e, há alguns anos, comprada pelo Walmart. "Nossa origem é no varejo. Isso contribuiu para a gente compreender o mercado de distribuição", afirma Demeterco.

Facilidades

José Vicente Bandeira de Mello Cordeiro, sócio da Brain Consultoria e coordenador do curso de pós-graduação em Logística Empresarial do FAE Centro Universitário, explica que a terceirização dos centros logísticos é uma tendência para as empresas que querem estar mais próximas do mercado consumidor.

"A empresa leva os produtos para os centros de distribuição e de lá veículos menores fazem a capilarização da carga fracionada. As principais vantagens são delegar a atividade a um especialista e a redução do custo, que é menor por causa da maior capacidade das transportadoras", afirma Cordeiro.

Segundo o consultor, a região metropolitana de Curitiba tem vantagens para atrair esse tipo de empreendimento, por ser cortada por várias rodovias. "Os centros de distribuição não necessariamente precisam ficar nas rodovias, mas muito próximos delas e com fácil acesso ao centro. Aqui, temos toda a região dos contornos da cidade, além da Cidade Industrial e as proximidades da BR-376. As empresas precisam estar perto das entradas e saídas da cidade."

Entraves

Apesar dos novos investimentos, como o da Capital Realty, eles ainda são tímidos na região de Curitiba, quando comparados com os outros estados da Região Sul. De acordo com Cordeiro, os portos de Santa Catarina têm um perfil mais voltado a esse tipo de negócio do que o Porto de Paranaguá.

"Há uma tendência recente de instalar estes estabelecimentos com vistas à importação e exportação. Mas as plataformas na Grande Curitiba não estão se efetivando. O foco agrícola do Porto de Paranaguá de certa forma complica a situação, já que os portos de Santa Catarina, como Itajaí e Navegantes, passam por um processo de modernização mais rápido do que o nosso. A administração mais moderna dos portos catarinenses favorece nossos vizinhos", analisa.

A Região Sul detém 15% dos centros logísticos do país, atrás apenas do Sudeste, onde estão 60% de todos os empreendimentos do setor.

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