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Quase três meses depois da divulgação da suspeita de febre aftosa no rebanho paranaense, em 20 de outubro, o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) deverá decidir hoje pelo sacrifício sanitário dos cerca de 1,8 mil animais da Fazenda Cachoeira, no município de São Sebastião da Amoreira (Norte do estado), onde o Ministério da Agricultura declarou ter encontrado um foco da doença, até hoje questionado pelo governo paranaense. A tese do sacrifício prevalece entre as 35 entidades ligadas ao agronegócio que compõem o conselho, criado em 1997 com a finalidade de propor normas de defesa agropecuária para o estado.

Com o sacrifício dos animais da fazenda, o estado poderá recuperar seu status de área livre de febre aftosa com vacinação em um prazo de seis meses. Caso o Conesa opte pelo sacrifício sanitário – que prevê o abate dos animais, com o consumo da carne e a destruição dos ossos – a recuperação da classificação perdida levará o triplo do tempo: 18 meses.

A avaliação das entidades é que as perdas serão menores com o sacrifício do rebanho. Segundo levantamento do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sindicarne), desde 11 de outubro, quando começaram os embargos internacionais à carne brasileira por conta da confirmação de focos de aftosa em Mato Grosso do Sul, o Paraná já perdeu R$ 120,3 milhões com o cancelamento de exportações de carnes bovina, suína e de frango.

A reunião do Conesa começará às 13h30, no anfiteatro da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), em Curitiba. Além dos conselheiros, a reunião terá a presença do pecuarista André Carioba, dono da Fazenda Cachoeira. Ele disse que só autorizará o sacrifício dos animais, caso essa seja a decisão, depois de receber o valor da indenização – calculada em cerca de R$ 1,2 milhão pelo preço de mercado. Carioba teme problemas no recebimento da indenização após o término do trabalho: novos exames podem comprovar que não há aftosa no rebanho da fazenda e o fato de o suposto vírus ter sido trazido por animais vindos de Mato Grosso do Sul poderia gerar questionamentos sobre o responsável pela indenização, se aquele estado ou o Paraná.

Ontem, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa) concluíram laudo que aponta duas áreas da Fazenda Cachoeira em condições de receber os animais sacrificados. A propriedade, de quase 3,4 mil hectares, é cortada por diversos rios e possui 22 represas. Por isso, teme-se que o enterro dos animais na área possa contaminar as fontes e cursos d’água. "Dos quatro pontos estudados, dois são totalmente seguros", disse o presidente do IAP, Rasca Rodrigues. O laudo recomenda valas de 5 metros de profundidade, com a compactação do solo com máquinas e uma camada de 15 centímetros de cal, para evitar que o material decomposto tenha contato com o solo.

Outro ponto da discussão do Conesa será a mudança de seu estatuto, para permitir a convoção dos membros em 24 horas, para reuniões emergenciais. Isso impedirá situações como a atual, na qual se levou 15 dias para se chegar à reunião de hoje.

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