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O saldo da balança comercial paranaense até agosto deste ano é positivo em US$ 2,7 bilhões, mas caiu 24,5% em relação aos primeiros oito meses de 2005 – quando alcançou US$ 3,6 bilhões. Números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que a receita com importações feitas pelo Paraná cresceu 21,3% no período, enquanto as vendas externas recuaram 1,3%. Além disso, houve redução da importação de bens de capital, e aumento da compra de combustíveis (em valor, porque o preço externo subiu) e bens de consumo, sinal de que a economia do estado não esboça recuperação.

Com relação às exportações, o Paraná vai na contramão do observado na média nacional, que teve aumento de 15,9%. No período de oito meses, o saldo da balança brasileira cresceu 4,5% em relação aos oito primeiros meses do ano passado.

Entre os estados do Sul, o Paraná é o único que apresenta queda no faturamento com exportações até agosto. Santa Catarina teve aumento de 6,5% no acumulado do ano, e o Rio Grande do Sul vendeu 10,9% mais este ano. Com isso, a Região Sul teve aumento de 5,3% nas vendas externas de janeiro a agosto.

E se o aumento das importações fez cair o saldo da balança paranaense no ano, a característica dessas compras preocupa ainda mais. Ao invés de aproveitar o dólar mais barato para investir em modernização do parque industrial, as empresas paranaenses compraram, em sua grande maioria (43,8%), bens intermediários – principalmente insumos industriais e peças e acessórios para veículos. "Se você continua importando apenas matéria prima para aliviar o impacto do câmbio na produção, você só resolve o problema momentaneamente. Mas a indústria poderia importar bens de capital [máquinas e equipamentos], para aproveitar essa condição desvantajosa no câmbio e alimentar uma capacidade competitiva no futuro", avalia Nilson Maciel de Paula, professor de economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

"E a falta de investimentos em bens de capital é um sinal gravíssimo", completa o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures. Para ele, a indústria paranaense está fragilizada, e não há perspectivas de recuperação. Ele lembra que isso ocorre mesmo com abundância de crédito para investimentos, pelo BNDES. A falta de confiança do investidor, segundo Rocha Loures, é a causa para a retração. "O próximo passo é a exportação de empregos, na medida em que a indústria do Paraná deixa de produzir", diz Rocha Loures.

"Isso é ruim, porque estamos substituindo importação por desindustrialização. O poder de compra é usado para comprar peças de fora, ao invés daquelas produzidas aqui. Isso ocorre principalmente na indústria automotiva", concorda o professor de Economia Internacional e Negócios Internacionais da Unifae, Antoninho Caron.

A compra de combustíveis aparece em segundo lugar e responde por 24,4% das importações paranaenses, em dólar. De janeiro a agosto deste ano, o Paraná dobrou o gasto com petróleo em comparação com os oito primeiros meses de 2005 – por conta da alta dos preços do produto, e não por aumento de produção. Já a compra de bens de capital, aparece em terceiro lugar, com 21,6% das importações – e queda de quatro pontos porcentuais do ano passado para cá.

"Percebe-se com isso que as empresas estão buscando alternativas para a redução dos custos de produção", lembra o professor Maciel de Paula, da UFPR. Para Caron, do Unifae, a renovação do parque industrial ocorre somente nas empresas maiores, com mais capacidade de fazer investimento. "Provavelmente é aí que está acontecendo alguma tentativa de modernização, principalmente nas multinacionais", afirma.

Já o aumento da importação dos bens de consumo, que respondem por 10,2% este ano contra 7,5% até agosto do ano passado, é bem recebido pelo consumidor. "É bom para o consumidor, porque ele têm mais variedade de produtos, com preço menor. Mas para a economia do estado não é nada bom", alerta o professor Nilson de Paula.

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