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De janeiro a agosto deste ano, o porto de Paranaguá embarcou 3,2 milhões de toneladas de soja em grão. O volume é 21,8% menor que as 4,1 milhões de toneladas embarcadas em igual período do ano passado, e 27,2% mais baixo que nos primeiros oito meses de 2004. Os números, fornecidos pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), mostram que a soja anteriormente exportada via Paranaguá segue hoje por outros caminhos: Santos (SP) e São Francisco do Sul (SC).

"[Paranaguá] era o maior porto graneleiro do país e está deixando de ser, porque é mal administrado", avalia o assessor da diretoria da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Carlos Augusto de Albuquerque. Para ele, a batalha travada pelo governador Roberto Requião desde 2002 contra a exportação de grãos transgênicos é responsável por afugentar os exportadores. Desde abril, uma decisão judicial permite o embarque desse tipo de produto por um dos berços de atracação – na semana passada, uma decisão liminar ampliou a permissão para mais dois berços (como são chamadas as áreas de cais onde os navios encostam para carregar e descarregar).

Ainda assim, a recente mudança não deve ser suficiente para fazer Paranaguá recuperar, já neste ano, a movimentação de grãos que perdeu.

"Além das restrições, há um desajuste provocado na gestão do porto. A falta de entrosamento da Appa [Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina] assustou os exportadores", diz Wilem Manteli, da Associação Brasileira de Terminais Portuários. "Os embarcadores procuraram desviar para São Francisco e Santos, mesmo tendo que fazer investimentos nestes outros portos", afirma Albuquerque, da Faep.

Nos primeiros oito meses deste ano, os embarques de soja no porto de São Francisco do Sul cresceram 61,7% na comparação com igual período de 2005. Em dois anos, esse aumento chega a 205,4%. Já o porto paulista teve incremento de 7,5% nos embarques de soja em grão até agosto deste ano em compração com o mesmo período de 2005, e acréscimo de 18,2% na comparação com 2004.

"Paranaguá deixou de ser um porto confiável", considera Luiz Antônio Fayet, do Conselho da Autoridade Portuária de Paranaguá (CAP). "Se não há segurança operacional, as empresas mandam seus navios direto para outros portos. É muito caro manter um navio parado sem que se saiba se a carga será realmente embarcada. Mesmo que a soja não seja transgênica, o exportador tem receio", completa.

Os dados do Ministério mostram ainda que Paranaguá não perdeu somente carga agrícola de outros estados – como Mato Grosso –, mas principalmente soja produzida pelo Paraná. Foram exportadas 1,7 milhão de toneladas até agosto, contra 2,7 milhões de toneladas em igual período de 2005. Parte desta carga foi absorvida por São Francisco do Sul, que passou a embarcar 528 mil toneladas este ano, contra 432 mil no ano passado.

Retenção

De acordo com Flávio Turra, gerente técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), o volume que deixou de sair pelo Paraná não corresponde ao exportado por Santa Catarina (nem toda a carga que deixou de sair pelo porto paranaense foi para lá) porque o produtor ainda espera para comercializar parte da última safra. "Há retenção de soja. O produtor acompanha nesta época a safra americana. Pode haver quebra lá, e é preciso esperar para ver se o preço melhora para então vender."

Movimento total

O movimento total de Paranaguá cresceu 3% de janeiro até a última terça-feira, na comparação com igual período do ano passado. Parte deste crescimento é explicado pela modéstia da base de compração referente ao embarque de milho. A operação cresceu 354% neste ano, mas no ano passado a quebra da safra fez as exportações do produto caírem 75% na comparação com 2004. Até a semana passada, foram 2,5 milhões de toneladas contra 549 mil no mesmo período, em 2005. O Porto de Paranaguá responde por 95% da exportação de milho do Brasil.

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