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Fábrica da Fibracem, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba | FIBRACEM_/
Fábrica da Fibracem, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba| Foto: FIBRACEM_/

O aumento de 59% no faturamento de uma empresa não é notícia fácil de se encontrar. Muito menos, é resultado simples de alcançar, principalmente em meio a uma crise econômica como a que toma o Brasil há nos últimos três anos. Pois foi o que conseguiu a paranaense Fibracem, que produz cabos e acessórios para infraestrutura de redes de fibra óptica há 25 anos, no primeiro semestre de 2018. A empresa, que funciona desde 1993, em uma fábrica localizada em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, viu o faturamento passar de R$ 27,9 milhões nos primeiros seis meses de 2017 para R$ 44,3 milhões no mesmo período deste ano.

Entender os bons resultados da empresa exige um resgate da sua história: seu fundador, Luiz Carlos Bitencourt, era funcionário técnico da japonesa Furukawa, e quando percebeu, na década de 1990, que a empresa estava terceirizando a produção de acessórios, resolveu abrir seu próprio negócio. Sua filha, Carina Bitencourt, é quem está atualmente a frente dos negócios, como CEO e conta que a experiência do pai como técnico foi determinante para a expertise da empresa. “Ele trabalhava como instalador e sempre teve a visão de quem usa o produto”, diz.

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Junta-se a isso o foco da Fibracem em produzir localmente. Em determinado momento de sua história, viu parte de seus concorrentes deixarem de produzir no Brasil e passarem a importar da China, animados com o dólar mais barato. Quando esta moeda começou a subir – e não parou mais – muitos acabaram fechando as portas. Já a empresa da família Bitencourt manteve-se firme, apostando em desenvolver seus próprios produtos desde o molde, e vem conseguindo “bater” os chineses.

“Isso ajuda também a controlar e manter o padrão de qualidade do produto colocamos no mercado. Quando você tem fornecedores de fora, nem sempre consegue garantir um padrão”, aponta a CEO.

Nesse primeiro semestre, a Fibracem colocou no mercado quase 13 milhões de metros de cabos ópticos, 69% a mais que no mesmo período no ano passado. Já em caixas de emendas, um dos principais produtos fabricados, foram instaladas mais de 142 mil unidades.

Em geral, o faturamento crescente é resultado de uma empresa que fez a lição de casa, segundo Bitencourt: incentivar boas práticas de gestão, seguir à risca as regras do setor, fomentar pesquisa, desenvolvimento e inovação e investir na qualificação de seus funcionários.

A CEO Carina Bitencourt: crescimento apoia-se em investimentos em pesquisa e desenvolvimento

Antônio More/Gazeta do Povo

No primeiro semestre só em pesquisa e desenvolvimento, foram investidos R$ 4,087 milhões nos laboratórios da empresa, que constantemente busca lançar novos produtos no mercado – registrar novas patentes todo ano, inclusive, é uma meta constante. O impacto desta cultura é visto nos resultados: 22% do faturamento do primeiro semestre de 2018 vieram de produtos novos, lançados no final de 2017 ou durante o período em 2018. “Neste ano já fizemos também o pedido de três patentes, então a inovação continua sendo nossa missão”, conta Bitencourt.

Fibracem cresce principalmente em São Paulo

O crescimento a passos largos fez com que o Paraná ficasse pequeno para a Fibracem e a empresa inaugurou seu primeiro centro de distribuição fora do estado, em Jundiaí, na grande São Paulo. Apesar de ter clientes distribuídos por todo país, é em São Paulo que seu crescimento é mais expressivo. Se no Brasil, em geral, o crescimento foi de 59%, em São Paulo ele foi de 81%.

De acordo com o diretor de planejamento e operações da companhia, Eryck El-Jaick, chegar à São Paulo é uma estratégia fundamental, não só para facilitar a venda de produtos para o estado. “Além de oferecermos entregas mais rápidas, seguras e eficazes, é importante, principalmente, para aproximarmos a nossa marca de nossos clientes”, diz.

A Fibracem espera distribuir na região 500 mil metros de cabos ópticos e mais de 16 mil conjuntos de emendas por mês, segundo El-Jaick. O CD entrou em funcionamento no início do segundo semestre deste ano.

O centro de distribuição também deve ser palco de outro pilar do crescimento da companhia. “Nossa ideia é promovermos cursos e treinamentos de capacitações no CD, qualificando cada vez mais a mão de obra do setor”, conta El-Jaick.

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Segundo Bitencourt, o setor de telecomunicações passa por um momento de transição, em que muitos players que trabalhavam com internet à rádio ou com antenas estão migrando para as fibras ópticas. Dados da Anatel mostram, por exemplo, que a fibra é a tecnologia que mais cresce: no segundo trimestre de 2018, foram 573 mil adições líquidas de acessos via fibra, enquanto a xDSL, ainda a principal tecnologia utilizada no Brasil, diminuiu 138 mil acessos no país. “São tecnologias muito diferentes, então mesmo quem já atua na área está tendo que se atualizar”, aponta.

De olho nisso, a Fibracem firmou uma parceria com a Academia Telecom, empresa de capacitação e treinamentos para o setor de fibra óptica. A cada curso oferecido pela escola, a Fibracem é quem fornece os produtos necessários para a montagem de uma rede óptica. Além do centro de distribuição em São Paulo, a fábrica da companhia em Pinhais também passou a receber alunos da Academia. “Mostra nossa preocupação em qualificar a mão de obra para todo o mercado e possibilitar a atualização constante dos profissionais. Tudo isso deve melhorar a excelência dos serviços prestados nesta área”, acredita a CEO.

A própria Fibracem aumentou consideravelmente seu quadro de funcionários neste semestre. No início do ano, a empresa contava com 148 funcionários. Em junho, já eram 212, o que representa um aumento de 43% no quadro. As contratações aconteceram em todos os setores, do chão de fábrica, passando pela engenharia e chegando ao administrativo.

Tendo como principais clientes provedores regionais e distribuidores que revendem seus produtos, a Fibracem já tem novos planos de expansão, mas prefere não revelar detalhes agora. “Vamos continuar expandindo, e o plano é ter outras duas novas e grandes frentes em 2019”, adianta El-Jaick.

E os R$ 44,3 milhões em seis meses devem ser superados. El-Jaick diz que, neste setor, o segundo semestre costuma ser melhor e a empresa espera faturar, no mínimo, mais R$ 56 milhões, fechando 2018 com receita de mais de R$ 100 milhões.

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