• Carregando...
Fábrica da Providência, fabricante de não-tecidos: empresa paranaense entrou na Bovespa em 2007 |
Fábrica da Providência, fabricante de não-tecidos: empresa paranaense entrou na Bovespa em 2007| Foto:

Familiaridade x conhecimento

Para investir em ações, especialmente se o objetivo é formar uma carteira de longo prazo, é importante saber como a empresa funciona, quais são seus focos de negócios e quais são as suas perspectivas de crescimento. Muitos investidores ignoram essa regra básica quando compram empresas locais. "Não dá para confundir familiaridade com conhecimento", define o consultor Raphael Cordeiro. "Familiaridade a pessoa ganha quando conhece alguém que trabalha na companhia, passa na frente dela às vezes ou ouve falar dela desde a infância. Conhecimento passa por um aprofundamento sobre os números." Por isso, a origem da empresa não deve ser critério para investimento. O importante é escolher empresas boas, com possibilidade de progredir e dar lucros, independentemente de onde ficam sua sede e suas unidades. (FI)

  • Confira o desempenho das ações de empresas paranaenses

Uma carteira de ações formada só por ações de empresas paranaenses teria atravessado os últimos dois anos com um desempenho melhor do que a média dos papéis da Bovespa. Um levantamento sobre o tema foi feito pela corretora Omar Camargo, a pedido da Gazeta do Povo, e apontou que as ações paranaenses valorizaram-se em 5,21% no período de dezembro de 2007 a janeiro de 2010, contra 2,37% do Ibovespa. Segundo o estudo, as empresas têm um potencial de valorização médio de 22,35% até o fim deste ano.

A carteira hipotética foi formada considerando que o investidor tenha aplicado o mesmo valor em ações das oito empresas paranaenses cotadas em bolsa – ALL, Bematech, Copel, GVT, Paraná Banco, Positivo Informática, Providência e Sanepar –, e mantido os mesmos papéis até hoje. O potencial de valorização foi levantado a partir da média dos preços justos estipulados por analistas de mercado, divulgada pela agência Bloomberg.

Uma carteira com essa composição teria a vantagem de ser bem distribuída. "Não há prevalência de nenhum setor da economia", observa o consultor em finanças pessoais Raphael Cordeiro, que também participou da elaboração da carteira. Há uma empresa do setor de logística, uma de energia, uma de saneamento, uma financeira, uma de telecomunicações, uma indústria e duas empresas de tecnologia, mas que trabalham em segmentos distintos (a Positivo vende computadores no varejo, para pessoas físicas, enquanto a Bematech oferece hardware, software e serviços de automação para empresas).

Antes que alguém fique muito entusiasmado, é bom pensar bem antes de investir. Primeiro, para não confundir conhecimento real da companhia com a familiaridade que o leitor pode, eventualmente, ter com a empresa (leia mais no box). Segundo, porque ela também não é uma carteira dos sonhos. "Acredito que uma carteira equilibrada hoje precisa ter uma participação dos setores de petróleo, siderurgia e bancos", diz Cordeiro. E nenhuma das empresas paranaenses atua em siderurgia e ou petróleo, e a empresa financeira do estado tem uma atuação muito limitada em relação aos grandes conglomerados, que lucram bilhões por ano. Mesmo assim, o potencial de alta combina com o que se espera para o Ibovespa, que – segundo a média das opiniões do mercado – deve encerrar 2010 próximo aos 80 mil pontos.

Dois fatores chamam a atenção na "carteira paranista": a quantidade de empresas novatas e o peso das small caps (empresas de baixo valor de mercado). De fato, o Paraná estava virtualmente ausente da bolsa até meados da década. Restavam apenas papéis de Copel e Sanepar no mercado, e esta última com pouquíssimos negócios. Em 2004 a ALL fez sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), colocando as empresas privadas do estado de volta no mapa do mercado. Nos anos seguintes, outras empresas fizeram seus IPOs – o mais recente foi o da Providência, fabricante de não tecidos, ocorrido em julho de 2007.

Cordeiro observa que o fato de serem jovens se reflete no comportamento das ações, em especial na alta volatilidade (ou seja, no sobe-e-desce das ações). "Não é fácil para uma empresa recém-chegada gerir o relacionamento com o acionista minoritário, para que ele confie na administração da empresa de modo a manter a ação por um longo prazo", diz. Se o acionista não tem a ambição de manter os papéis, eles estão muito mais sujeitos a decisões emocionais. "A ALL e a Bematech são empresas que têm feito isso muito bem", diz.

Já a predominância de small caps não é boa nem ruim, apenas exige uma postura diferenciada do investidor. "Smals caps sempre têm mais volatilidade", comenta Luiz Augusto Pacheco, analista da Omar Camargo. "Para o cara que não se importa muito com a variação diária das ações, isso não é um problema." Pelo contrário, pode ser uma oportunidade – nos últimos 12 meses, o índice de Small Caps da bolsa de São Paulo subiu 133%, contra 62% do Ibovespa.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]