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Jayme, da Cinq, fez uma parceria para desenvolver um sistema de fornecimento de energia elétrica controlado por cartões pré-pagos | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Jayme, da Cinq, fez uma parceria para desenvolver um sistema de fornecimento de energia elétrica controlado por cartões pré-pagos| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

APLs têm facilidades

A organização de indústrias em torno de um APL traz a vantagem de facilitar investimentos. Isso porque os arranjos recebem um tratamento especial de instituições públicas, como o Banco do Brasil. Os fabricantes de malhas de Imbituva, por exemplo, têm aproveitado o crédito fácil para comprar novas máquinas. Além de máquinas, a organização em APLs permite o investimento em certificações, como ocorre no arranjo de software de Curitiba. Dezessete empresas fazem parte do projeto, que tem apoio financeiro da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). As firmas buscam dois certificados, o CMMI, voltado para o mercado internacional, e o MPS-BR, para o mercado brasileiro.

Um dos efeitos mais importantes da criação de um arranjo produtivo local (APL) é que ele faz com que empresários montem uma rede ágil na formação de parcerias. É comum que as firmas se tornem complementares. Esse processo ocorre ativamente, por exemplo, no APL de softwares de Curitiba, criado em 2007. As empresas dali, muitas delas em atividade desde o início dos anos 90, se dedicam a nichos de mercado. Muitas vezes, porém, os clientes precisam de soluções que combinem essas especialidades.

"É um setor que exige bastante foco das empresas. Mas há projetos de desenvolvimento mais amplo, difíceis de fazer sozinho", comenta Carlos Jayme, coordenador do comitê gestor do APL. A firma de Jayme, a Cinq, por exemplo, fez uma parceria com outra empresa para desenvolver um sistema de fornecimento de energia elétrica controlado por cartões pré-pagos. O encontro ocorreu durante a formação do arranjo.

Algumas parcerias incluem a troca de serviços. Recentemente, a empresa Solusoft fez uma permuta com a Daysoft. Ela desenvolve softwares de "business intelligence", que analisam dados históricos, e tinha a intenção de entrar no mercado de São Paulo. Para não bancar sozinha o custo de abrir um escritório próprio, a Solusoft permitiu que seus programas fossem incluídos no pacote da Daysoft e, em troca, passou a usar o endereço da conterrânea na capital paulista. "O povo de software aqui em Curitiba era meio distante. Tivemos uma aproximação forçada que está sendo muito produtiva", diz Leonardo Max Matt, sócio da Solusoft.

Mobilização

Mesmo quem às vezes concorre em um mesmo filão encontra espaço para parcerias. Gílson Bobato, coordenador do APL de malhas de Imbituva, conta que no ano passado recebeu uma encomenda grande, que não poderia atender sozinho. Mobilizou quatro fábricas da cidade para que produzissem em conjunto.

Como estão integrados em uma rede que se reúne regularmente, os próprios APLs firmam parcerias entre si. No momento, o arranjo especializado em máquinas agrícolas de Cascavel desenvolve um equipamento para a colheita de mandioca a pedido do APL de Paranavaí. "Conseguimos recursos da Finep, que financia pesquisas, para criar essa máquina. Vai estar pronta em dois anos", conta João Alberto Labre, um dos coordenadores do arranjo de Cascavel e sócio da LD Equipamentos Agrícolas.

A cooperação entre empresários também reduz os custos para participação em feiras. Os APLs têm acesso a recursos de entidades como a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e da Associação Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), do Ministério do Desenvolvimento. Além disso, fazem estandes comunitários e dividem os valores cobrados.

Neste ano, o APL de esquadrias de União da Vitória participou da Feicon, feira de construção civil realizada em São Paulo. O custo total ficou perto de R$ 200 mil, mas cada um dos dez empresários participantes pagou apenas R$ 4 mil. "Tivemos apoio da Fiep, do Sebrae e das prefeituras. Sozinhas, as empresas não teriam como participar", destaca João Ademir dos Santos, consultor do arranjo. Além de vendas, a feira trouxe ao APL um novo plano: explorar melhor o mercado do Nordeste. "Descobrimos que faltam esquadrias de qualidade na região."

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