• Carregando...

O termo "intra-empreendedorismo" pode parecer cabeludo aos ouvidos dos leigos, mas a prática se traduz em um princípio simples: permitir que o funcionário participe das decisões da empresa. Por abrir espaço ao erro e às sugestões dos colaboradores, o intra-empreendedorismo é tido por alguns consultores como uma quebra de paradigmas empresariais – e, talvez por isso, ainda encontre pouco espaço nas empresas.

"Ele vem surgindo mais por um movimento espontâneo do que por um movimento de onda", diz o diretor-superintendente do Instituto Superior de Administração e Economia (Isae/FGV) e entusiasta do intra-empreendedorismo, Norman Arruda Filho. Para ele, a essência da prática está em permitir o contraditório. "É a famosa pergunta: por que não de uma outra maneira?".

É o que faz a indústria de embalagens metálicas Brasilata, de São Paulo. Desde 1987, a Brasilata mantém o Projeto Simplificação, que estimula os funcionários a ter idéias, registra cada iniciativa e premia as melhores. As estatísticas impressionam: em 2007, 102 mil idéias foram sugeridas, e cerca de 90% foram adotadas. "Nós formamos um banco de dados aberto. Se temos um problema, podemos recorrer ao banco e encontrar uma solução", explica o diretor da Brasilata, Antonio Carlos Teixeira.

A ousadia das idéias dos funcionários da Brasilata chegou ao ponto de duas trabalhadoras fazerem uma sugestão que eliminaria seus próprios postos. A possibilidade não assustou as funcionárias, já que a empresa adota a política de não-demissão e a Participação nos Lucros e Resultados. "Nós adotamos uma relação de emprego a longo prazo. Por isso, o pessoal dá o sangue pela empresa, e quer otimizar os resultados." Para Teixeira, uma prova do envolvimento dos funcionários são os prêmios como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil, conferidos por cinco ocasiões pelas Revistas Exame e Época.

Tal como a Brasilata, o laboratório botânico paranaense Herbarium também já foi premiado como uma das melhores empresas para se trabalhar no país – conquista que é atribuída às práticas de intra-empreendedorismo e de gestão de pessoas. Um exemplo é o projeto Boa Idéia, um banco de idéias de funcionários. Foi por meio dele que algumas inovações foram implementadas, como o destino dos resíduos de alumínio, e a modificação de uma máquina que antes soltava poeira e fazia ruído – mudança que até rendeu um prêmio à Herbarium. "Quando existe essa liberdade de idéias, o trabalho fica mais significativo para o funcionário", comenta a supervisora de Recursos Humanos da Herbarium, Joanita Plombon.

A formalização de canais que facilitem e estimulem a prática, como aconteceu na Brasilata e na Herbarium, é tida como fundamental para a coordenadora de gestão da inovação e intra-empreendedorismo do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Ieda Tacla. "Se não houver um programa formalizado, a empresa corre o risco de não desenvolver uma ação alinhada aos seus objetivos. A informalidade dificulta a aprendizagem." (EHC)

Serviço

O programa de intra-empreendedorismo da Brasilata será apresentado em Curitiba durante o evento "Diálogo Intra-Empreendedor", que faz parte da Semana Global do Empreendedorismo. O evento, promovido pela Universidade da Indústria (Unindus) e pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), acontecerá no dia 17 de novembro, das 19h às 21h, no Auditório 1 do Cietep (Av. das Torres, 1341). Mais informações no telefone (41) 3271-9431.

Veja também
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]