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As lembranças ruins das décadas de estrada de terra e bloqueio por queda de barreira não ficaram só na memória do comerciante Sival Barbiot, de Adrianópolis. Ele transformou uma das paredes da lanchonete que tem na rua central da cidade em um mural com mais de 200 fotos da estrada de terra. "Para as gerações que surgirem depois do asfalto terem uma idéia do que a gente passava", conta.

Se o asfalto, por si só, não chegou a trazer o desenvolvimento esperado pela cidade de Adrianópolis, com certeza o ganho social foi imediato. Antes isolada no mapa em época de chuva, ou de difícil acesso com tempo bom, a cidade hoje está a apenas duas horas e meia da capital – "um pulo" se comparado às seis horas que se demorava há pouco mais de um ano.

No mural de Barbiot, as fotos retratam quedas de barreira, pessoas se arriscando na travessia a pé sobre o desmoronamento e vários veículos atolados. Nos anos de maior dificuldade na estrada, o comerciante era um fornecedor de fotos para os jornais da capital retratarem o drama dos moradores. "Como ninguém chegava aqui, eu fotografava para que todos tivessem idéia do que estávamos passando", fala, mostrando exemplares antigos.

Difícil encontrar uma família que retrate melhor do que a de Barbiot o que uma estrada em boas condições é capaz de fazer. Há dez dias, a irmã dele sofreu um enfarte e em duas horas estava internada em um hospital de Curitiba. "Sobreviveu por ter sido atendida a tempo", destaca o comerciante. Em 1995, a mãe deles não teve a mesma sorte. "Ela teve um enfarte às 9 horas e morreu às 13h30, no meio do caminho para Curitiba", lamenta.

A sensação de que o asfalto facilitou a vida é geral. Ganharam os que precisam de um atendimento médico mais especializado e quem trabalha no comércio, que conseguiu mais fornecedores (já que antes eram raros os que aceitavam entregar produtos lá). Também houve vantagem para quem precisa ir à Curitiba com freqüência. "Ficou tudo mais próximo", confirma o produtor rural Antônio Carlos Neves de Cristo, presidente da Associação de Produtores de Leite do Alto Ribeira. Antes do asfalto, ele costumava ter de sair no domingo à tarde para participar de reuniões da Cooperativa de Leite de Curitiba (Clac). Hoje, três horas de adianto já bastam.

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