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Nome sujo

O governo federal ainda está "devendo" aos fabricantes de componentes o lançamento do regime Inovar-Autopeças, que chegou a ser marcado para setembro e foi cancelado. A expectativa é de que o pacote dê solução a uma questão que hoje impede muitas fábricas de autopeças de pegar financiamentos: as dívidas tributárias, que afetam 60% das empresas do setor, segundo o Sindipeças.

Sofrendo com a concorrência de importados e a estagnação das receitas, a indústria brasileira de autopeças está investindo menos: o valor estimado para este ano, de R$ 1,4 bilhão, é o mais baixo desde 2009. Mas o setor espera que em algum momento a ampliação da capacidade das montadoras e as exigências de conteúdo nacional do regime Inovar-Auto voltem a estimular a produção nacional.

INFOGRÁFICO: Indústria brasileira de autopeças sofre declínio

"O investimento que está sendo feito pelas montadoras deve se transferir para a indústria de autopeças, sejam elas brasileiras ou multinacionais, já estabelecidas no país ou não. Vejo alguns anos de crescimento", disse ontem Paulo Butori, presidente do Sindipeças, que representa os fabricantes. Em reunião com empresários paranaenses, ele lembrou que nove fábricas de automóveis e caminhões devem entrar em operação até 2016, sete delas no ano que vem.

Para que a perspectiva de retomada se concretize, o setor cobra do governo a regulamentação da "rastreabilidade" das peças, procedimento previsto no Inovar-Auto para calcular a proporção de conteúdo nacional de cada veículo. Como as montadoras com baixos índices de nacionalização terão uma carga maior de IPI, a expectativa é de que a rastreabilidade as obrigue a comprar cada vez de fornecedores nacionais.

Embora o novo regime automotivo esteja em vigor desde o início do ano, a forma de cálculo do conteúdo nacional segue indefinida – o que, na visão do Sindipeças, convém a quem importa a maior parte dos componentes.

Estagnação

Visivelmente descolada do desempenho das montadoras, que batem recordes de produção, a indústria de autopeças passa por um momento difícil. A taxa de ociosidade das fábricas, próxima de 15% três anos atrás, agora gira em torno de 25%. O faturamento deve fechar 2013 com alta nominal de apenas 2,7% – taxa que, descontada a inflação, corresponde a uma retração "real" de quase 3% em relação a 2012. Afetada pelo avanço de peças e componentes importados, a balança comercial das autopeças, positiva até 2006, está cada vez mais deficitária: neste ano, as importações devem superar as exportações em US$ 10 bilhões, calcula Butori.

A principal dificuldade da indústria brasileira, segundo ele, está no câmbio, que favorece a entrada de partes importadas. Embora o dólar tenha se valorizado neste ano, o empresário ainda o vê como desvantajoso. O "ideal", segundo cálculos da equipe econômica do Sindipeças, seria uma taxa de pelo menos R$ 2,62, quase 30 centavos acima da cotação atual.

"O país deixou de importar o automóvel pronto e passou a importar componentes. Ou seja, os investimentos foram feitos no exterior, criando empregos em outros países", diz Butori.

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