• Carregando...
Produtor francês avalia os estragos provados pela neve: país é maior beneficiado pelos subsídios | Jeff Pachoud/AFP
Produtor francês avalia os estragos provados pela neve: país é maior beneficiado pelos subsídios| Foto: Jeff Pachoud/AFP

Repasse é cheio de distorções

A indústria agrícola europeia recebe todos os anos cerca de 41 bilhões de euros em ajuda direta. Além disso, mais de 13,6 bilhões de euros extras foram investidos em programas de desenvolvimento rural, a fim de incentivar a diversificação – com o financiamento de projetos de plantio de orgânicos, energia renovável e turismo rural, por exemplo. O dinheiro foi canalizado em projetos dos mais variados tipos. Na Espanha, por exemplo, um fabricante de cascalho recebeu 1,1 milhão de euros e uma compensação de 466 mil euros por instalar fiação e conexões elétricas em sua fábrica.

Leia a matéria completa

França é a maior beneficiária

Ano passado, assim como em vários outros, a França foi a maior beneficiária dos subsídios agrícolas da União Europeia, abocanhando mais de 10 bilhões de euros. Uma das maiores beneficiárias do país foi a Groupe Doux, uma empresa avícola, com 62,8 milhões de euros. Outro grande beneficiário francês, que ficou com a bolada de 38,6 milhões de euros, foi a Saint Louis Sucre, empresa subsidiária da gigante açucareira alemã Suedzucker.

Leia a matéria completa

Na última vez que a União Europeia decidiu o futuro de seu programa de subsídio agrícola, em 2005, o acordo foi fechado por trás da porta de uma suíte luxuosa do hotel 5 estrelas Conrad Brussels. O presidente da França na época, Jacques Chirac, e o então chanceler da Alemanha, Gerhard Schroeder, somaram forças sigilosamente para proteger o programa – avaliado em 50 bilhões de euros, o equivalente a US$ 72 bilhões nos dias de hoje – contra cortes até 2013. Assim, driblaram a estratégia de Tony Blair, o então primeiro-ministro britânico, que ficou enraivecido com os subsídios generosos. Com a aproximação do ano de 2013, uma nova rodada de manobras foi iniciada para reformular o mais caro programa de distribuição de fundos de subsídios agrários do mundo.Estão em discussão uma enormidade de problemas, que cresceram ao ponto de uma solução ficar cada dia mais difícil: Quem deve receber os subsídios? Quais são os seus propósitos? Existe uma forma de livrar os pagamentos de tentativas de fraude e corrupção? Eles podem ser mais direcionados a pequenos lavradores ao invés de conglomerados multinacionais?Novas ideias para mudanças começaram a surgir enquanto os beneficiários – a França e o lado agrário de sua economia estão no topo desta lista – montam suas defesas. O interesse próprio nacional, não é surpresa, é a base do debate.

Os governos tradicionalmente decidem um objetivo político e definem então um orçamento para tentar alcançá-lo. No caso do que é formalmente conhecido como a Política Agrícola Comum da União Europeia, este processo parece ter ficado de ponta-cabeça. Uma enorme quantia de dinheiro continua sendo alocada na mesma proporção em que os objetivos ficam mais difusos e sujeitos a discussão.

Pedra fundamental

Em suas cinco décadas de existência, o programa de subsídios agrícolas é uma pedra fundamental dos gastos da UE, e hoje totaliza a cifra de 55 bilhões de euros (US$ 79 bilhões) – quase a metade do orçamento do grupo. Ele representa uma enorme re-distribuição de renda dos contribuintes em prol dos interesses agrícolas. A maioria dos agricultores, todavia, recebe apenas migalhas do dinheiro, uma vez que os pagamentos dos subsídios são feitos com base no tamanho da propriedade agrícola: 80% dos beneficiários recebem cerca de 20% do total, conforme apontam dados da Comissão Europeia.

O propósito da ajuda era claro originalmente. Ela serviria como ferramenta para alimentar um continente faminto, devastado pela Segunda Guerra Mundial, através do uso da produção de incentivos concedidos durante a década de 60. Estes métodos, todavia, levaram a enormes excessos de produção e alguns abusos. Eles foram, então, reduzidos, e seu fim, programado para 2013.A União Europeia foi forçada a aceitar os subsídios, mesmo que não fizesse sentido dar incentivos a fazendas e plantios não preparados para competir na economia global. Durante anos, os europeus vêm tentando, discretamente, refiná-los.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]