Brasília (Folhapress) – O Banco Central só deve começar a reduzir os juros a partir de setembro, segundo estimativa de analistas consultados pelo próprio BC. Hoje e amanhã, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reúne para discutir o assunto, e, mesmo com as perspectivas mais favoráveis para o controle da inflação, a expectativa do mercado é que a taxa Selic seja mantida em 19,75% ao ano.

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Segundo a pesquisa de mercado feita pelo BC, os juros devem sofrer cortes de 0,5 ponto entre setembro e novembro. Uma redução de 0,25 ponto em dezembro faria com que os juros encerrassem o ano em 18%. Entre os fatores que permitiriam um corte na taxa está o maior otimismo do mercado financeiro em relação ao comportamento do IPCA, índice que serve de referência para as metas do governo.

De acordo com levantamento feito semanalmente entre cem analistas do setor privado, espera-se que o IPCA registre alta de 5,4% neste ano. Apesar de continuar acima dos 5,1% perseguidos pelo BC, a previsão está em queda há 13 semanas.

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A pesquisa mais recente também mostra, pela primeira vez, um ligeiro recuo nas expectativas para a inflação do ano que vem. A estimativa média passou de 5% para 4,98% – a meta para 2006 é de 4,5%, admitindo-se um desvio de até dois pontos percentuais.

Na avaliação de Flávio Rietmann, superintendente-executivo do banco Cruzeiro do Sul, o mercado aposta na manutenção dos juros em 19,75% ao ano por mais um mês devido ao "conservadorismo" que tem marcado a atuação do BC. "Espaço [para um corte na taxa] sempre tem", afirma. "Apesar dos índices de preços mostrarem algum arrefecimento, existe sempre uma prudência maior por parte do BC."

O economistas Luís Fernando Cezário, do HSBC, prevê não apenas que o corte se dará esta semana, como também que ele será de 0,50 ponto porcentual. "Não reduzir a Selic agora seria referendar juros reais mais altos, porque a inflação está baixa e esta queda dos juros reais tem de ser lenta", disse. Para ele, o conjunto de informações que o BC acumulou nos últimos dois meses é muito positivo e suficiente para determinar o corte.