• Carregando...
Posto de combustíveis em São Paulo: alta, pedida pela Petrobras, será a segunda do ano | Nacho Doce/Reuters
Posto de combustíveis em São Paulo: alta, pedida pela Petrobras, será a segunda do ano| Foto: Nacho Doce/Reuters

Negociação

Proposta de gatilho foi vetada pelo governo

A ideia de alguns conselheiros da Petrobrás de criar um indexador para ajustar o preço dos combustíveis automaticamente foi vetada pelo governo federal. A intenção era evitar que a defasagem em relação ao mercado internacional continuasse minando os cofres da companhia. Preocupada com o impacto inflacionário e a possibilidade de o recurso se tornar uma referência de indexação para outros setores, a presidente Dilma Rousseff rejeitou o gatilho. A proposta agradava os minoritários da companhia, pois diminuiria a incerteza do mercado e daria segurança para as finanças. Por outro lado, tiraria do governo o controle dos ajustes – que variam de intensidade e momento de acordo com a turbulência do mercado.

O Conselho de Adminis­tra­ção da Petrobrás vai reajustar o preço da gasolina nas refinarias em 4% a partir de hoje. A medida visa aliviar a defasagem de quase 15% entre o preço cobrado internamente pela companhia e o quanto ela paga para importar o combustível. A empresa também vai aumentar o preço do diesel em 8% para as distribuidoras.

Em comunicado feito ao mercado, a companhia justificou que a alta é necessária para assegurar que os indicadores de endividamento e alavancagem retornem aos limites estabelecidos no atual plano de gestão da Petrobras em até 24 meses, considerando o crescimento da produção de petróleo e a aplicação desta política de preços de diesel e gasolina. A companhia também explica que, com os novos preços, pretende alcançar estabelecer uma paridade entre os preços praticados dentro e fora do país, além de minimizar os impactos da volatilidade do câmbio.

Está é a segunda alta no preço tabelado dos combustíveis no ano. Em janeiro, o reajuste foi de 6,6% na gasolina e 5,4% no diesel – na época, o aumento também não foi suficiente para desafogar a companhia do descolamento dos preços internos, que já estavam mais de 13% defasados em relação ao mercado internacional.

A recomendação do governo federal, sócio majoritário da Petrobras, era de fazer um reajuste abaixo do IPCA, para não disparar o índice oficial da inflação no final do ano. No entanto, a alta não é suficiente para aliviar o caixa da empresa a curto prazo. De acordo com o economista Silvano Correia, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a empresa foi castigada nos últimos dez anos por uma série de medidas populistas e a alta é insuficiente. "O congelamento do preço dos combustíveis tornou o preço interno muito defasado, apesar de alto para o consumidor. Infelizmente novas altas serão necessárias para que as metas estipuladas sejam alcançadas", explica.

Nos postos

Em Curitiba, o reajuste deve ser repassado na inte­gra, e o preço cobrado na bomba deve beirar os R$ 3. "Todo mundo trabalha com limites muito apertados. O novo lote chegará reajustado para nós e não há margem para segurar o preço", explica Aderaldo Messias, proprietário de três postos. Atualmente, de acordo com a pesquisa de preços da Agência Nacional de Petróleo, a margem de lucro média por litro de gasolina é de 44 centavos, ou 15% do valor cobrado ao consumidor. De acordo com empresários do setor, uma margem saudável para bancar impostos e despesas com pessoal deve estar acima dos 20% por litro vendido, o que impede qualquer absorção do reajuste.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]