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Em uma entrevista de quase uma hora na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, falou sem rodeios da atual situação da empresa na Bolívia, agravada desde o último sábado em função da ocupação, por índios guaranis, de uma das principais estações de transmissão de gás natural que abastece o Gasbol - gasoduto que traz o hidrocarboneto ao Brasil.

Segundo Gabrielli, a empresa está confiante em uma negociação entre autoridades bolivianas e a comunidade indígena. Mas, por via das dúvidas, já desviou cerca de 4 milhões de metros cúbicos, dos 11 milhões que passam pela estação, até o Gasbol, por instalações alternativas.

Já desviamos parte da produção por outros canais que não são tão eficientes. Eram 11 milhões de metros cúbicos que passavam por lá e hoje são sete milhões de metros cúbicos por dia.

Gabrielli também afirmou que a Petrobras vem sentindo-se protegida com a intervenção do governo brasileiro na negociação do preço do gás. E admitiu que este tipo de interferência ocorre em qualquer lugar do mundo, quando o ponto de divergência tem a ver com energia.

- Na questão dos hidrocarbonetos, seja em gás natural, petróleo ou derivados, não há lugar no mundo em que um governo não se meta. Vide a pressão que o governo americano fez quando a China tentou comprar uma empresa de petróleo dos Estados Unidos (Unocal) - lembrou.

Na questão dos hidrocarbonetos, seja em gás natural, petróleo ou derivados, não há lugar no mundo em que um governo não se meta

Entre as prioridades da companhia para o próximo ano, está a exploração de áreas de novas fronteiras e com perspectivas de descobertas de gás natural e óleo leve. Gabrielli, no entanto, negou com veemência que a 8ª Rodada de Licitações - que será realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis em novembro - tenha excluído algumas bacias tradicionais, como a de Campos, caracterizada pela presença de óleo pesado - num suposto favorecimento à companhia, conforme sugeriram alguns críticos.

E falou sobre uma mudança no perfil das exportações da empresa, que deixará de vender óleo pesado ao exterior e passará à condição de exportadora de óleo leve e derivados de petróleo.

O presidente da Petrobras comentou ainda sobre pontos sensíveis do setor, como o cenário estatizante especialmente em países da América do Sul e Latina, como Venezuela e Bolívia. Segundo ele, esta é uma tendência cíclica que ocorre após picos de preços do petróleo e não se restringe a essas regiões.

Às vésperas das eleições no Brasil, o executivo disse não se sentir constrangido quando as decisões da Petrobras influenciam ou sofrem pressões de políticas regionais. A garantiu agir como presidente da companhia sem, no entanto, abrir mão de suas convicções políticas.

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