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O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou ao GLOBO que o novo acordo de exploração de petróleoe gás natural fechado na noite de sábado, na Bolívia, atende aos interesses da empresa brasileira. O contrato ainda precisa ser aprovado pelo Congresso boliviano e os termos do acordo deverão ser encaminhados na segunda-feira ao Parlamento.

Segundo Gabrielli, de um lado, o acordo garante o abastecimento de gás ao Brasil e, de outro, permitirá o ressarcimento de custos e a remuneração dos investimentos realizados pela Petrobras nos campos de San Alberto e San Antonio. Com isso, destacou, a companhia não terá prejuízos com a nacionalização das reservas pelo governo da Bolívia. E mais: não haverá confisco dos equipamentos e das instalações da estatal brasileira, como se previa anteriormente.

- Em algumas questões nós cedemos, e em outras a Bolívia teve de ceder. Temos a garantia de que vamos ter o ressarcimento de nossos investimentos - disse Gabrielli.

Para Gabrielli, um ponto importante do novo contrato é que a Petrobras, ao contrário do que se esperava, não se transformará em mera prestadora de serviços, segundo o presidente da estatal. Ele explicou que será uma espécie de gestão compartilhada, em que a petrolífera boliviana YPFB terá direito a voz na administração dos campos de exploração e também ao lucro do negócio. Enfim, a Petrobras, a espanhola Repsol e a francesa Total, que cuidam dos dois campos, ganharam a YPFB como sócia que, por sua vez, acompanhará as contas de perto via auditorias trimestrais.

- Com isso, tivemos um acordo satisfatório, depois de momentos de intensas discussões, com algumas reuniões que chegaram a durar 22 horas - disse Gabrielli, esclarecendo que o contrato vale especificamente para os campos de San Alberto e San Antonio ( confira a cronologia do processo de nacionalização ) .

Segundo o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, o contrato, assinado após meses de negociações, favorece a democracia sul-americana.

- O acordo foi bom, a estratégia do presidente Lula estava correta, a Petrobras e a YPFB, o Brasil e a Bolívia deram demonstração clara de como superar estrategicamente suas pequenas diferenças em prol de um projeto maior de integração da América do Sul através do gás natural - afirmou o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau.

Mesma opinião tem o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.

- A negociação em curso produz uma grande conquista para o Brasil e para a América Latina - afirmou.

Para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff o Brasil saiu ganhando com a estratégia de não-confronto.

- A relação Brasil-Bolívia não é apenas uma relação comercial é uma relação política. A gente prefere uma estratégia de diálogo firme do que uma de confronto - disse a ministra-chefe da Casa Civil. - A Petrobras está de parabéns por que fez uma negociação bastante firme, obtendo as garantias que são necessárias para que uma empresa do seu porte faça investimentos vultosos e seja remunerado por eles - acrescentou.

O Brasil importa atualmente da Bolívia cerca de 26 milhões de metros cúbicos de gás natural diários, que equivalem a praticamente a metade de seu consumo.

Acordos fortalecem Morales

O decreto de nacionalização foi estabelecido por Morales no dia 1º de maio e deu às empresas estrangeiras seis meses para negociar novos contratos, em que cederiam uma parcela majoritária de suas operações no país ao governo ou teriam que abandonar a Bolívia.

Os novos contratos assinados nesta sexta e sábado dão um impulso político para Morales, o primeiro líder indígena do país, que enfrentou críticas durante meses por conta da demora e das incertezas em torno do processo.

- Com estes novos contratos, queremos gerar mais recursos para solucionar os problemas sociais e econômicos de nosso país. Esse é nosso maior desejo - declarou Morales, durante a cerimônia de assinatura dos contratos, em que participaram executivos das empresas.

Segundo o presidente, os contratos quadruplicarão as receitas energéticas da Bolívia, durante os próximos quatro anos, a partir dos atuais US$ 1 bilhão.

- O que estamos fazendo aqui é exercitar nossos direitos de propriedade, como bolivianos, sobre nossos recursos nacionais, sem expulsar ninguém, sem confiscar - afirmou.

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