O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou nesta segunda-feira (28) que a Petrobras está passando por ciclos de investimentos intensos e que neste período é natural que o endividamento da empresa suba. "Depois que esses ciclos de investimento passam, o endividamento cai. No caso da Petrobras, o fluxo de caixa livre da empresa deve se tornar positivo em 2015 e o processo de endividamento na margem já está reduzindo", afirmou, após participar de debate no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.

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Matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo neste final de semana mostrou que as empresas estatais federais, lideradas pela Petrobras, elevaram seus investimentos desde a crise financeira global de 2008. Mas fizeram mais dívidas para bancar as atividades correntes e operacionais, sem conseguir "puxar" os aportes no setor privado e garantir o efeito multiplicador esperado pelo governo.

Coutinho disse que não viu a reportagem, porém, garantiu que "o processo de alavancagem e desalavancagem faz parte". "Nós temos uma observação permanente do nível adequado de alavancagem para a empresa (Petrobras), afirmou.

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O executivo também disse desconhecer o estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), obtido com exclusividade pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que aponta que o governo da presidente Dilma Rousseff terá de voltar a apelar para contabilidade criativa para fechar as contas este ano. "Eu acho que há um componente um pouco ideológico nessa pressuposição", afirmou

Coutinho disse que a disposição do governo é de cumprir corretamente o superávit primário e afirmou que a contribuição do BNDES através do pagamento de dividendo, "dentro das regras contábeis e dentro da efetiva realização de lucro do banco, é perfeitamente regular e correta". "Está dentro da regra. Não tem nada de criativo nesse processo", disse.

Juros e desembolsosCoutinho afirmou que um dos desafios para garantir uma política eficiente de financiamento é um alinhamento nas perspectivas dos juros e maiores garantias. Segundo ele, é preciso acontecer uma convergência das taxas de juros do curto prazo com as de longo prazo. "Ultrapassado o ciclo de controle da inflação, em algum momento futuro, que eu não sei precisar, é desejável e previsível que o juro possa voltar a cair e nesse sentido facilitar a migração das poupanças para instrumentos de financiamento de longo prazo", afirmou.

O presidente do BNDES comentou ainda os desembolsos da instituição neste início de ano e afirmou que o primeiro trimestre de 2014 será um pouco melhor do que o do ano passado por conta de um resultado muito forte em janeiro e em fevereiro. "Os dois primeiros meses foram muito fortes em parte refletindo ainda o encerramento de 2013. Em março e abril já houve uma moderação dentro da nossa programação", afirmou.