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Denúncias de corrupção e atraso nas contas desgastam a imagem da presidente Graça Foster | Agência Petrobras
Denúncias de corrupção e atraso nas contas desgastam a imagem da presidente Graça Foster| Foto: Agência Petrobras

Análise

Sem aval de auditoria externa, imagem da estatal fica arranhadaAgência O Globo

A decisão de publicar o balanço trimestral da Petrobras sem o parecer da auditoria externa foram vistos com ressalva por especialistas em governança corporativa e contabilidade. Comunicados confusos trazem insegurança ao investidor, afirmam, e a publicação de balanço sem a chancela de uma auditoria independente não é comum e suscita dúvidas sobre os números.

Classificada como extremamente incomum e atípica, a divulgação sem aval da auditoria reduz a credibilidade. "É o parecer da auditoria externa que dá credibilidade aos números. Sem ele, há uma desconfiança se as informações virão corretas ou não. Isso arranha a imagem da companhia", afirma o professor da área de Contabilidade e Finanças da UFRJ Adriano Rodrigues. Para o advogado da área de mercado de capitais Modesto Carvalhosa, um balanço sem aval da auditoria independente "não tem nenhum valor para uma companhia aberta". "Isso afeta de forma devastadora a companhia e isso deve levar à redução da qualificação pelas agências de risco."

A Petrobras divulgou ontem novo comunicado sobre a apresentação de resultados do último trimestre, na próxima segunda-feira. Em menos de 24 horas, é a terceira tentativa da estatal de explicar como irá expor seus dados financeiros e por que não cumpriu os prazos legais de apresentação do balanço contábil. Ainda não tem qualquer previsão sobre uma data para apresentar o relatório completo.

As reviravoltas e dificuldades de informar claramente suas ações expõem o nível de desorientação que a estatal enfrenta diante do que chama de "um momento único" de sua história: a avalanche de denúncias de corrupção que assolam a companhia desde março. Internamente, funcionários relatam um clima tenso e até um temor sobre a assinatura de contratos e despachos, diante da dimensão das investigações da Operação Lava Jato deflagrada ontem pela manhã (leia mais nas páginas 13 e 14).

No comunicado, enviado somente à imprensa, a companhia esclarece que a teleconferência marcada para segunda-feira irá apresentar "resultados operacionais e informações sobre o adiamento da divulgação das demonstrações contábeis". A estatal informou também que "espera divulgar" até 12 de dezembro apenas "uma versão" dos resultados, ainda "não revisada pelos auditores".

"A Petrobras ainda não tem data prevista para a divulgação do resultado do terceiro trimestre com o relatório de revisão dos auditores externos. Assim que esta data for definida, a companhia compromete-se a comunicar com antecedência mínima de 15 dias a data desta divulgação", informa a terceira nota encaminhada sobre o tema.

A nota reforça o teor do comunicado divulgado ao mercado pela manhã informando que haveria, sim, apresentação de resultados "operacionais" da companhia na segunda-feira. O comunicado da manhã, divulgado antes da abertura do mercado de ações, contradizia outro comunicado, divulgado quinta-feira, em que a Petrobras adiava a apresentação de resultados.

O atraso na divulgação se deve à negativa dos auditores da PricewaterhouseCoopers (PwC) em aprovar o balanço trimestral. Eles decidiram aguardar a conclusão da auditoria interna da estatal sobre os casos de corrupção relacionados à refinaria Abreu e Lima (Rnest), ao Comperj e também à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Dólar a R$ 2,62

O dólar bateu em R$ 2,62 e a Bolsa de Valores recuou mais 1,85% ontem. No início da noite, o Banco Central informou que vai elevar de US$ 450 milhões para US$ 700 milhões a oferta de contratos de swap cambial nas operações que vencem em dezembro, reforçando as intervenções no câmbio a partir de segunda-feira. Esses leilões têm efeito similar ao da venda de dólares e ajudam a segurar a moeda. No encerramento dos negócios,o dólar terminou negociado a R$ 2,599 no mercado à vista, com alta de 0,15%. É a maior cotação desde 18 de abril de 2005. No comercial, fechou em R$ 2,60, com ganho de 0,30%.

Baixa de 2,94%

As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras fecharam em baixa de 2,94%, enquanto os papéis ordinários recuaram 2,67% ontem. Diante das incertezas, o início das negociações com os papéis da estatal na BM&F Bovespa atrasou em uma hora. Apesar do mal estar no mercado, as agências de classificação de risco Moody’s e Standard & Poor’s afirmaram que o adiamento na divulgação do balanço não tem impacto imediato no "rating" da estatal.

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