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Plano

Plano reflete conflitos na gestão

O plano 2012-2016 espelha o embate travado desde fevereiro – quando tomou posse a presidente Graça Foster – entre a cúpula da Petrobras e a equipe econômica do governo da presidente Dilma Rousseff. Graça e seus diretores defendiam um plano com metas mais realistas, sem exageros. Ela defende também uma correção da defasagem de preços dos combustíveis com o praticado no mercado internacional. Já o governo, sócio controlador, exige que a Petrobras contribua de maneira intensa com a política de ampliação dos investimentos, para estimular a economia e impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB). E diz que não há previsão de aumento da gasolina.

Uma semana antes da reunião, o ministro da Fazenda e presidente do Conselho de Administração, Guido Mantega, já adiantara a ampliação dos investimentos, o que veio a ser confirmado na reunião de anteontem. Em contrapartida, Graça conseguiu que as metas de produção de longo prazo fossem reduzidas, mesmo com investimentos maiores.

Graça também defendia, até publicamente, foco na área de produção e exploração. O primeiro plano de negócios de sua gestão reflete a prioridade. Não só foram elevados em 11% os investimentos anunciados para o setor, de US$ 141,8 bilhões, como seu peso cresceu 3 pontos porcentuais. O segmento de exploração e produção agora concentra 60% de todos os investimentos da companhia. Áreas de exploração no Brasil concentrarão US$ 131,6 bilhões.

O plano de negócios da Petrobras para o período 2012-2016 elevou em 5,2% os investimentos em relação ao plano anterior (2011-2015), mas reduziu as metas de produção a longo prazo e limitou o comprometimento de recursos em projetos que ainda não têm o planejamento básico aprovado. Aprovado na quarta-feira pelo Conselho de Administração, o plano prevê o investimento de US$ 236,5 bilhões até 2016, contra US$ 224,7 bilhões do plano 2011-2015, anunciado no ano passado. São US$ 11,8 bilhões a mais. Em reais, a alta é ainda maior, de 7,1% (de R$ 389 bilhões para R$ 416,5 bilhões), de acordo com valores especificados nos próprios documentos do ano passado e atual, com as conversões de cada um.

A reação do mercado ao plano foi negativa. As ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobras caíram 3,87% na Bovespa e a preferenciais, 3,86%. Foram a segunda e terceira maiores baixas do Ibovespa, que terminou o dia com perda de 0,54%. Analistas consideram que, sem reajustar o preço dos combustíveis, a empresa pode ter dificuldade de financiar seu plano de investimentos.

A queda prevista na produção para 2020, de acordo com o novo plano, foi de 11%. Passou a 5,7 milhões de barris de óleo e gás diários, contra os 6,4 milhões previstos pelo plano do ciclo 2011-2015. Para 2016, a produção estimada também caiu em comparação com a prevista há um ano para 2015. A meta foi reduzida de 3,7 milhões de barris/dia em 2015 para 3 milhões em 2016. Para os próximos dois anos, foi mantida estável, mesmo com investimentos robustos.

A maior parte dos investimentos (US$ 208,7 bilhões) até 2016 contempla projetos em implantação. Só US$ 27,8 bilhões estão em avaliação (fase de oportunidade, conceitual ou básico ainda não aprovado), sendo metade disso justamente da área de refino. O novo plano da petroleira elevou a previsão de preço do barril tipo Brent de US$ 80 (cenário A) a US$ 95 (B), pelo plano anterior, para de US$ 90 a US$ 100, sem detalhamento de cenários.

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