A Operação Porto Europa investiga um elo entre os esquemas de fraude em importações supostamente utilizados pela butique de luxo Daslu e pelo Grupo Tania Bulhões. Trata-se da importadora By Brasil Trading Ltda., que entre 2004 e 2006 intermediou compras de artigos de luxo para ambas as empresas. Christian Polo, um dos sócios da importadora com sede em Santos, no litoral paulista, foi condenado em março deste ano, em primeira instância, a 14 anos de prisão por participação no esquema descoberto em 2005 pela Operação Narciso da Polícia Federal - investigação contra importações efetuadas pela Daslu.
Desde o início, a Receita Federal encontrou diversas similaridades entre os esquemas. Assim como a Daslu, Tania Bulhões teria se valido de exportadoras para reduzir os valores das mercadorias adquiridas. O relatório sigiloso da Receita Federal sobre os negócios de Tania Bulhões afirma que as tradings não teriam como real atividade a compra e venda de mercadorias no exterior, mas apenas a prestação dos serviços de liberação da mercadoria e logística entre os portos e os lojistas.
Em vez de informar o Fisco que atuavam em nome de Tania Bulhões (importação do tipo "conta e ordem"), essas empresas declaravam as operações como compras "diretas", simulando serem as únicas interessadas nos produtos. O fato de não constar como destinatária das mercadorias eximia Tania Bulhões do pagamento do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI). "O modelo de interposição usado pelo grupo permite aos reais vendedores e compradores atuar no comércio exterior sem se sujeitar a qualquer controle da Aduana", dizem os auditores fiscais.
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