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Atualizado em 30/11/2006 às 18h35

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou nesta quinta-feira o fraco resultado do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas produzido por um país).

- Não estou mais pensando em 2006. Estou pensando em 2007, 2008, 2009, 2010. Estamos tomando todas as medidas para que o Brasil tenha um crescimento mais vigoroso - afirmou o presidente, que participou da Cúpula África-América do Sul, em Abuja, capital da Nigéria.

O IBGE informou que o consumo das famílias cresceu pelo 13º trimestre consecutivo e a taxa de investimentos está aumentando consideravelmente, mas o PIB registrou um resultado tímido no terceiro trimestre, pouco acima das expectativas dos analistas financeiros. O crescimento da economia brasileira entre julho e setembro foi de 0,5% sobre o trimestre anterior.

Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a expansão do PIB foi de 3,2% (os analistas previam 3,1%). Nos quatro últimos trimestres, o PIB acumulou 2,3% (a estimativa média do mercado era de 2,2%). No ano, o crescimento acumulado é de 2,5%.

A recuperação do setor agrícola foi um dos pontos positivos nos dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE, mas a indústria cresceu relativamente pouco e os impostos tiveram peso expressivo na composição do PIB.

Os números reforçam as estimativas de que o crescimento da economia brasileira em 2006 não deverá passar de 3%, conforme prevê o mercado. Até pouco antes das eleições, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apostava que o país cresceria 4% no ano. A previsão atual do governo é de 3,2%, mas para a economia crescer neste nível em 2006 o PIB precisaria crescer 5,2% no quarto trimestre, na comparação com os últimos três meses de 2005.

Assim, integrantes do governo, como o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e economistas de bancos privados avaliam que os números de 2006 já estão dados e o foco agora é 2007.

Os números tímidos do PIB devem aumentar as pressões políticas sobre o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Sua continuidade à frente do BC - pelo menos no início do segundo mandato de Lula - é dada como praticamente certa, mas estaria sujeita a mudanças em relação à velocidade da queda dos juros básicos. Segundo fontes de Brasília, Meirelles fica se mudar alguns diretores do BC. Nesta quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 13,25% ao ano. Foi a 12ª queda seguida, mas três dos oito diretores votaram por um corte menor, de 0,25 ponto. Isso indica que o Copom - com sua composição atual - já considera rever a velocidade de queda dos juros, o que desagrada a chamada "ala desenvolvimentista" do governo e poderosas entidades industriais, como a Fiesp.

Terceiro trimestre x Segundo trimestre

Dentre os setores que compõem o PIB, a Agropecuária obteve o melhor desempenho no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior (+1,1%), seguida pela Indústria (+0,6%) enquanto o setor de Serviços registrou uma variação de 0,4%.

Entre julho e setembro houve aumento de 2,5% na Formação Bruta de Capital Fixo (indicador da taxa de investimentos), após um período de variação negativa (-0,2% no segundo trimestre contra o primeiro trimestre de 2006).

Além disso, considerando a demanda interna, o Consumo das Famílias continuou - pelo 13º trimestre consecutivo - apresentando variação positiva (+0,5%). Já o Consumo do Governo registrou estabilidade (+0,1%). No setor externo, as Exportações e as Importações de Bens e Serviços voltaram crescer neste tipo de comparação (8,6% e 8,5%, respectivamente).

Terceiro trimestre 2006 x Terceiro trimestre 2005

O crescimento de 3,2% do PIB neste tipo de comparação teve como destaque o Valor Adicionado a preços básicos, que aumentou 3,1%. Os Impostos sobre Produtos cresceram 4,1%, principalmente devido ao desempenho das Importações de Bens e Serviços que provocaram um aumento no volume do Imposto sobre Importação.

Ainda em relação ao mesmo trimestre de 2005, entre os setores que contribuem para a geração do Valor Adicionado, a Agropecuária cresceu mais (7,8%) com Indústria (3%) e Serviços (2,2%).

O crescimento da Agropecuária deve-se ao desempenho positivo, em 2006, de produtos como o café (22%) e a cana de açúcar (8%), segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE. Outro fator importante foi o desempenho positivo da Pecuária neste trimestre.

Assim como no trimestre anterior, na Indústria o destaque ficou com a Construção Civil (5,5%). A Extrativa Mineral cresceu 3,6% em relação ao terceiro trimestre de 2005, mais que no segundo trimestre (1,5%), embora abaixo da taxas registradas no primeiro trimestre de 2006 (12,6%) e no quarto trimestre de 2005 (12,1%). O crescimento da Extrativa Mineral explica-se pelos desempenhos dos seus dois principais produtos: Minério de Ferro (9,5%) e Petróleo e Gás (2,9%).

O setor de Serviços cresceu 2,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, e seu maior destaque foi o Comércio (3,4%), seguido por Instituições Financeiras (3,1%) e Transporte (2,7%). Os desempenhos dos outros subsetores foram: Outros Serviços (2,4%), Administração Pública (1,9%), Aluguel (1,7%). Por outro lado, a queda em Comunicações (-0,7%) é explicada pelo declínio da Telefonia Fixa, já que a Telefonia Móvel voltou crescer, após um trimestre de estabilidade.

Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o Consumo das Famílias (3,4%) teve o décimo segundo crescimento consecutivo, pois sua última queda refere-se ao terceiro trimestre de 2003 (-1,9%). Um dos fatores que contribuíram para este resultado foi a elevação de 4,6% da massa salarial real no trimestre, devido ao comportamento favorável tanto do Pessoal Ocupado (2,7%) como do Rendimento Médio Real do Trabalho Efetivamente Recebido (1,9%), na comparação com igual período de 2005. Além disso, houve um crescimento nominal de 28,1% no saldo de operações de crédito para as pessoas físicas.

Já o Consumo do Governo cresceu 2,0% em relação ao mesmo período de 2005. A Formação Bruta de Capital Fixo (6,3%) teve taxa superior à do segundo trimestre (2,9%). Ressalte-se que, no terceiro trimestre de 2006, a média da taxa Selic (14,6% ao ano) foi menor que a do terceiro trimestre de 2005 (19,7% ao ano).

Após caírem 0,6% no segundo trimestre, as Exportações de Bens e Serviços voltaram crescer (7,5%), com destaque para agropecuária, minério de ferro, metalurgia e material elétrico. Por outro lado, as Importações de Bens e Serviços também continuaram a crescer (20,0%), com destaque para indústria automotiva, metalurgia/siderurgia, material elétrico e equipamentos eletrônicos. Pelo terceiro trimestre consecutivo o crescimento das Importações superou o das Exportações o que não ocorria desde o final de 2003.PIB acumulado nos 4 últimos trimestres e no ano

O PIB acumulou 2,3% nos quatro últimos trimestres, em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Isto se deve à elevação de 2,1% no Valor Adicionado a preços básicos e ao aumento de 3,6% nos Impostos sobre Produtos.

De janeiro a setembro de 2006, o PIB cresceu 2,5% em relação à igual período de 2005. Na mesma comparação, Indústria, Agropecuária e Serviços cresceram 2,7%, 2,5% e 2,3%, respectivamente.

Os quatro subsetores da Indústria acumularam crescimento no ano: Extrativa Mineral (5,6%), Construção Civil (5,0%), Serviços Industriais de Utilidade Pública (3,0%) e Indústria da Transformação (1,4%).

No setor de Serviços, o Comércio (3,5%) e os Outros Serviços (2,7%) cresceram mais. Mas também houve crescimento em Instituições Financeiras (2,5%), Transportes (2,4%), Aluguéis (2,2%) e Administração Pública (2,0%). O subsetor de Comunicações (-1,2%) registrou o único declínio.

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