Crise hídrica brasileira é a pior em 91 anos: falta de chuva afetou em cheio o setor da agropecuária.| Foto: Lineu Filho /Tribuna do Paraná
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A pior crise hídrica dos últimos 91 anos foi o principal fator que contribuiu para que o PIB brasileiro caísse 0,1% no terceiro trimestre, o que colocou o Brasil no que os economistas chamam de “recessão técnica”, aponta o Ministério da Economia. Segundo o subsecretário de Política Macroeconômica, Fausto Vieira, o problema fez com que a agropecuária tivesse um tombo de 8%, o pior desempenho para o setor desde o primeiro trimestre de 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Ele afirmou que essa forte retração contribuiu para uma redução de meio ponto percentual no PIB trimestral. “Sem isso, teríamos crescido até 0,4% (a previsão da Secretária de Política Econômica do Ministério da Economia).”

Vieira afirmou que o órgão quer entender melhor as razões da forte queda nesse setor. “Vamos conversar com o IBGE”. Mas ele aponta que um dos motivadores foi a quebra na safra de milho, que foi 16,4% menor do que a do ciclo 2019/20.

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Outro fator apontado por economistas como razão para a retração na agropecuária foi a redução nos abates de carne bovina, motivada pela decisão da China em suspender as importações do produto brasileiro por causa de dois casos da doença da vaca louca. “O que foi produzido e enviado teve impacto no PIB”, diz o subsecretário.

Indústria e construção

Quem também não teve um bom desempenho, segundo os dados do IBGE, foi a indústria, que permaneceu estagnada. A justificativa, de acordo com Vieira, foi que a indústria de transformação – que responde por 54% do PIB industrial e encolheu 1% – foi afetada pela crise global na cadeia de suprimentos. E a indústria extrativa, que teve uma retração de 0,4%, foi afetada pela manutenção de plataformas de petróleo.

Mas ele destaca os bons números da construção, que teve uma expansão de 3,9% em relação ao segundo trimestre do ano. “Os números do emprego mostram isso.” No ano, já são mais de 284 mil novos postos de trabalho, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). É mais de duas vezes o valor registrado nos dez primeiros meses do ano passado.

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Recuperação do mercado de trabalho e crescimento do PIB

Vieira lembra que também está, em curso, uma recuperação no mercado de trabalho. “Devemos ter uma grande recuperação entre os informais nos próximos 12 meses, serão mais de 3,5 milhões de oportunidades que serão abertas. Ao todo serão 5 milhões de novos postos de trabalho”, cita

Ele destaca que esse segmento foi um dos mais afetados pela crise da pandemia. “O informal está voltando, com isso vai gerar produção e gerar crescimento.” A expectativa da Secretaria de Política Econômica é de que o PIB brasileiro cresça 2% no ano que vem.

As projeções não batem com as do mercado financeiro. Projeções coletadas pelo Banco Central junto a bancos, corretoras e consultorias sinalizam para um crescimento de 0,58%. Elas estão em queda, no relatório Focus, há sete semanas. E parte delas sinaliza para um encolhimento do PIB em 2022.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, nesta quinta, que “dizer que o Brasil não vai crescer é simplesmente um equívoco e conversa de maluco." Ele aponta que há bilhões em compromissos de investimentos para os próximos anos, o que corresponde a um “crescimento contratado.” O subsecretário aponta para alguns desses investimentos: o 5G e no saneamento.

E, mesmo com as possibilidades, cada vez maiores, de o Banco Central levar a Selic, a taxa básica de juros, para níveis superiores a 10%, Vieira enxerga a possibilidade de um crescimento robusto em 2022. “A inflação está ocorrendo em todo o mundo.”

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