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Infraestrutura

Acelerar conexão é mais barato que implantar rede

Uma vez estruturada a rede e universalizado o acesso, a economia pode continuar acelerando em função do crescimento na velocidade das conexões. O estudo da Ericsson desenvolvido em 33 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) quantificou o impacto isolado da velocidade da banda larga, mostrando que quando a velocidade da conexão dobra, a economia cresce 0,3%. Nos países da OCDE, seria o equivalente a US$ 126 bilhões, o que corresponde a quase o dobro da taxa média de crescimento anual dessas economias na última década.

Para o gerente de desenvolvimento de mercado da Ericsson, Gil Odebrecht, o principal desafio do Brasil é investir na criação de uma rede de fibra-ótica. Segundo ele, as críticas ao PNBL – que prevê a universalização do acesso com velocidade de 1 Mbps – são infundadas. "Universalizar a conexão demanda investimentos e é o que as operadoras e o governo vêm fazendo. Uma vez garantido o acesso, a questão do aumento da velocidade passa a ser natural."

O engenheiro Demi Getchko, diretor-presidente do NIC.br, também acredita que a velocidade inicial é um problema menor. "Não estou preocupado se a conexão é de 1 Mbps. O meio fibra permite subir a velocidade de conexão. Para quem mora fora dos grandes centros urbanos, acessar o e-mail, redes sociais e o YouTube já provoca uma transformação", avalia. "Sem um ‘taxímetro’ ligado, o usuário já muda de postura e passa a ser um agente ativo dentro da internet."

Transformar bits em dólares ou reais. O caminho para que essa "mágica" aconteça passa necessariamente pela infraestrutura de banda larga. Segundo estudo da empresa de tecnologia Ericsson, cada 10% de aumento na penetração das conexões em alta velocidade corresponde ao incremento de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) de um país.

Nesse parâmetro, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), pode representar um acréscimo de 23,6% na soma de todas as riquezas produzidas pela economia brasileira até 2014. O plano prevê elevar o acesso à banda larga dos atuais 12 milhões de domicílios para 40 milhões de acessos. Esse incremento de 236% no volume de lares conectados corresponde a geração de R$ 866 bilhões, pela métrica do estudo.

A criação de riquezas é resultado de uma combinação de efeitos diretos, indiretos e induzidos pela massificação do acesso em banda larga. Os efeitos diretos e indiretos fornecem um estímulo de curto e médio prazos na economia, relacionados aos investimentos diretos na criação de redes de infraestrutura. Já o efeito induzido inclui a criação de novos serviços e negócios e é a dimensão mais sustentável, representando isoladamente um terço desse impulso econômico, com perenidade de até uma década. "A banda larga tem o poder de estimular o crescimento econômico ao proporcionar eficiência para a sociedade, empresas e consumidores", explica o vice-presidente mundial de redes da Ericsson, Johan Wibergh.

Esse efeitos positivos vêm de processos automatizados e simplificados, aumento da produtividade, assim como de um melhor acesso aos serviços básicos, como educação. O levantamento feito pela Ericsson, em parceria com a consultoria Arthur D. Little e a Universidade de Tecnologia de Chalmers, aponta que, para cada mil novos usuários de banda larga, 80 empregos são criados.

Para o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, existe uma relação direta entre o acesso à banda larga e o crescimento da economia. "A banda larga é o meio por onde ocorre toda a troca de bens e serviços da sociedade atual. Ela tem um aspecto muito forte na integração da população brasileira com o mundo. Há também o aspecto cultural, a troca de conhecimento através das redes sociais e o próprio conceito de sociedade do lazer", avalia.

Tude, entretanto, considera precipitado qualquer cálculo que tente quantificar o impacto do PNBL na economia brasileira. "A banda larga vem crescendo independentemente do PNBL. Esses estudos não podem ser aplicados de uma maneira linear. Eles mostram de um modo geral que, na hora que o país aumenta a penetração da banda larga, a produtividade de toda a economia melhora", pondera.

Já o diretor-presidente do Nú­­cleo de Informação e Coor­­denação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschko, aponta que o "bônus" de uma sociedade conectada vai além da esfera econômica.

Engenheiro eletricista, Gets­­chko é um dos responsáveis pela primeira conexão TCP/IP brasileira, em 1991, sendo considerado um dos "pais" da internet brasileira.

"A simples garantia do acesso básico já promove uma verdadeira revolução social. A cidadania tem um grande salto evolutivo e as pessoas passam a lutar por seus direitos. Esse impacto é comparável ao da alfabetização na vida das pessoas", avalia.

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