Colheita de soja: se o agronegócio vai mal, a economia do estado também vai mal| Foto: Roberto Soares/ Gazeta do Povo

1º semestre

BC indica forte retomada

Um índice de atividade calculado pelo Banco Central mostra que a economia do Paraná está em ritmo de forte recuperação em 2010. Chamado de IBCR, o indicador é uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB) e é usado pela instituição para acompanhar as economias regionais. No Paraná, a variação acumulada de janeiro a junho foi de 13,19%, a maior entre os nove estados pesquisados (além do Paraná, o levantamento é feito em São Paulo, Bahia, Sergipe, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Ceará). No Brasil, a alta foi de 9,96%. De acordo com o BC, a economia do estado, impulsionada pela recuperação do setor agrícola, segue refletindo o dinamismo da produção industrial, das operações de crédito, do mercado de trabalho e das vendas varejistas.

Serasa

A economia brasileira desacelerou seu ritmo de crescimento no segundo trimestre deste ano, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica (PIB Mensal). De abril a junho deste ano, a expansão da economia brasileira recuou para 0,6% em comparação aos três primeiros meses de 2010, quando o crescimento foi de 2,7% – descontadas as influências sazonais. (CR)

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Acompanhe o desempenho econômico do Paraná através do gráfico
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O Paraná registrou uma queda de 0,50% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, o pior resultado da série história iniciada em 1996, segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes). A crise econômica internacional, a redução das exportações, a quebra de safra agrícola e a diminuição dos preços das commodities fizeram a economia do estado ter uma retração superior, inclusive, à do Brasil, que fechou o ano com queda de 0,20%. Em 2009, o PIB do estado ficou em R$ 191,4 bilhões, equivalente a 6,09% da economia brasileira.

Segundo Julio Suzuki, pesquisador do Ipardes, a economia paranaense sentiu mais os efeitos da crise econômica internacional detonada em 2008, principalmente sobre as exportações. "No Paraná, as vendas externas têm tradicionalmente uma participação maior na sua economia do que no Brasil. As exportações representam 15% do PIB do estado. No âmbito nacional, essa proporção é de 12%", afirma.

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No ano passado, as exportações do Paraná recuaram 26,4%, para US$ 11,22 bilhões, pressionadas pela redução da demanda internacional e a queda dos preços das commodities agrícolas.

As vendas externas do complexo soja, principal grupo da pauta de exportações do estado, caíram 24% e as de carnes tiveram redução de 17%, o que contribuiu para derrubar o resultado do agronegócio. O setor – que representa cerca de 35% do PIB do Paraná – tem um efeito multiplicador na economia, principalmente do interior, afetando outras atividades, como o comércio e os serviços. "Tradi­cionalmente, quando o agronegócio vai mal, a economia do estado vai mal", diz Christian Luiz da Silva, professor de Economia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Em 2005, por exemplo, a economia do Paraná não cresceu, prejudicada também pelos prejuízos no campo. Naquele ano, o PIB do Brasil avançou 3,16%.

Manufaturados

A indústria paranaense, que já vinha sofrendo os efeitos da valorização do real, também sentiu a redução das encomendas. As fabricantes de material de transporte tiveram queda de 47% nas exportações. "Neste ano as exportações das montadoras começam a reagir, principalmente para países como México e Argentina", afirma.

A redução do ritmo do mercado imobiliário nos Estados Unidos prejudicou as vendas do setor de madeira, que caíram 38,6%. O Paraná é o maior exportador de compensados, usados na construção de casas. Os EUA, epicentro da crise global, chegaram a ser, no passado, o principal cliente das fabricantes locais.

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De acordo com Suzuki, o câmbio vem tirando a competitividade dos produtos brasileiros industrializados no mercado internacional. No ano passado houve uma inversão na pauta de exportações do Paraná. Pela primeira vez em cinco anos, os produtos básicos, puxados pelas commodities agrícolas e de menor valor agregado, superaram os industrializados em participação no total exportado. Em 2009, os produtos manufaturados ficaram com 42,06%, contra 44,42% dos básicos. "Em algum momento terá de haver alguma correção na área cambial para recuperar a capacidade da indústria nacional de competir lá fora", afirma.

Quebra de ritmo

A queda do PIB em 2009 representou uma ruptura de três anos de crescimento da economia do estado, os dois últimos a taxas de 6%. Apesar disso, é consenso que, no embalo da economia nacional, 2010 deve ser um ano de forte recuperação para o estado. A safra agrícola recorde, a retomada de alguns mercados compradores e a demanda aquecida no mercado interno devem fazer o estado voltar a crescer. De acordo com Suzuki, do Ipardes, a construção civil e o setor de bens de consumo voltados para o mercado interno devem ajudar a puxar o desempenho. Ele cita como exemplo a indústria de computadores, que se beneficia do dólar fraco – já que é importadora de componentes – e da combinação de crédito em alta e consumo aquecido.

Embora não faça projeções, o pesquisador do Ipardes diz acreditar que esse cenário deve fazer a economia do Paraná crescer acima da nacional em 2010. Na análise de Christian Luiz da Silva, porém, o resultado do PIB anual do estado deve vir em linha com o nacional. Ele projeta para o Paraná e o Brasil um crescimento próximo de 4,5%.