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O crescimento acima do esperado da economia dos Estados Unidos no terceiro trimestre fez o dólar retornar à casa de R$ 2,70 nesta terça-feira (23), influenciado pela percepção dos investidores de que o banco central americano pode antecipar a alta da taxa de juros do país.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 1,70%, a R$ 2,705. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, fechou em alta de 1,57%, a R$ 2,704.

Já a Bolsa conseguiu sustentar o terceiro pregão seguido de alta, contagiada pelo otimismo no exterior após a divulgação do dado revisado dos EUA. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, fechou com alta de 1,53%, aos 50.889 pontos.

A notícia do dia foi a revisão, pelo Departamento do Comércio americano, da estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre, de 3,9% para 5% anualizados. Foi o maior ritmo de expansão desde o terceiro trimestre de 2003.

Como resultado, 20 das 24 principais moedas emergentes tiveram desvalorização em relação à divisa americana. Apenas o rublo destoou e fechou em forte alta de 2,22% em relação ao dólar, após o apelo do governo russo para que exportadores vendessem dólares no mercado local.

A recuperação da economia americana fortalece a perspectiva de aumento das taxas de juros nos EUA, o que pode levar os investidores a tirarem dinheiro de mercados emergentes, como o Brasil. Para Tarcísio Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista, a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) antecipar o aumento dos juros é pequena.

"Eu não acredito que tenha mudado o cenário de que o Fed vá subir os juros apenas em final de março ou início de abril. Ele não deve fazer nada antes desse prazo. Alguns dados econômicos ainda jogam dúvidas a respeito da continuidade do crescimento americano", avalia.

Joaquim ressalta que o baixo número de negócios no dia, comum para essa época do ano, também contribuiu para a forte alta da moeda. "Mas certamente o patamar do dólar mudou, tanto por causa do cenário externo, com essa especulação sobre o Fed, quanto pelos problemas domésticos. Hoje acreditamos em uma banda mais próxima de R$ 2,70 do que abaixo disso", ressalta.

Na manhã desta terça (23), o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, vendendo 4.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) com volume correspondente a US$ 196,9 milhões. Foram vendidos 3.500 contratos para 1º de setembro e 500 contratos para 1º de dezembro de 2015.

O BC também vendeu a oferta integral de 10.000 contratos de swap para rolagem dos que vencem em 2 de janeiro. A operação foi equivalentes a US$ 9,827 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 85% do lote total.

Bolsa

No mercado acionário, a revisão para cima do crescimento americano trouxe a expectativa de que a economia mundial comece a se recuperar com mais intensidade. "A gente teve hoje [terça, 23] um mercado antes do PIB e depois do PIB americano. O que causou essa alta foi o PIB americano, que veio muito acima do que se esperava", afirma André Moraes, analista da corretora Rico.

O dia, porém, foi de volume bem baixo. O giro financeiro foi de R$ 4,6 bilhões, contra uma média de R$ 8,74 bilhões em dezembro, até o dia 22.

Algumas notícias também ajudaram a impulsionar a Bolsa. A Petrobras anunciou na noite desta segunda (22) que bateu recorde histórico de produção própria diária de óleo e gás natural liquefeito no dia 21, produzindo 2,286 milhões de barris, superando a marca anterior de 2,257 milhões de barris por dia de 27 de dezembro de 2010.

A estatal também informou que a produção de petróleo nos campos operados pela empresa no pré-sal das bacias de Santos e Campos atingiu a marca histórica de 700 mil barris por dia de petróleo no último dia 16. Desse volume, cerca de 74% (523 mil barris por dia) correspondem à parcela da Petrobras e o restante às parceiras.

As ações preferenciais da petrolífera, as mais negociadas, fecharam em alta de 6,30%, a R$ 10,97. Já os papéis ordinários, com direito a voto, tiveram valorização de 5,95%, a R$ 10,50. "Esse aumento é uma soma de correção pelas fortes quedas sofridas nos últimos meses e também o impacto positivo da notícia de produção", afirma Bruno Piagentini, analista da Coinvalores.

Outros setores também registraram alta no dia, como siderurgia e mineração. Os papéis da CSN subiram 8,67%, a R$ 6,39, enquanto as ações preferenciais da Usiminas avançaram 2,11% e as ordinárias, 6,25%.

As ações preferenciais da Vale encerraram o dia com forte avanço de 4,56%, a R$ 19,50, enquanto os papéis ordinários tiveram alta de 3,98%, a R$ 22,22.

A maior alta do Ibovespa foi a ação da Rossi Residencial, que subiu 27,52%, a R$ 3,29. Para André Moraes, da Rico, o papel passou por uma correção de preço, após as fortes quedas sofridas no ano. Apesar da alta, a Rossi ainda acumula desvalorização de 67% de suas ações em 2014.

No sentido contrário, as ações da Gol encerraram o dia com a maior desvalorização do Ibovespa, após caírem 2,93%.

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