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O fraco crescimento da economia em 2014, que para o governo será de 0,9%, deve gerar uma herança estatística ruim para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. Especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, esperam que esse carregamento deverá variar entre 0% e 0,4%, o menor desde 2011, quando foi de apenas 0,1% para 2012. De 2012 para 2013, a colaboração foi de 0,9%, número que atingiu 0,6% de 2013 para este ano.

Boa parte desse desempenho modesto da herança estatística virá do fraco nível de atividade em 2014, especialmente no segundo semestre. O movimento do quarto trimestre é o maior fator de contribuição para o carregamento no início de 2015. Contudo, a dinâmica dos últimos três meses do ano também é influenciada pelo ritmo do PIB entre julho e setembro. E as previsões para estes períodos não são alvissareiras.

Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências prevê que o crescimento tanto do terceiro e como do quarto trimestre deverá apresentar um alta de 0,4%, na margem. Estes são números melhores do que as quedas do PIB de 0,6% no segundo trimestre e de 0,2% entre janeiro e março. Essa retração do nível de atividade em parte foi causada pelo aperto da política monetária realizado pelo Banco Central de abril de 2013 até o mesmo mês deste ano, que elevou a Selic de 7,25% para 11% ao ano. "Mas também está vinculada à queda contínua da confiança de empresários e famílias, o que afeta investimentos e segura o consumo", disse.

Irineu de Carvalho Filho, economista do Itaú Unibanco, tem avaliação semelhante sobre o desempenho da demanda agregada no segundo semestre. Ele prevê que o PIB entre julho e setembro deve apresentar leve queda de 0,1%. Isso na prática caracterizaria que a recessão que o País enfrenta duraria três trimestres. Para o quarto trimestre, ele estima alta de 0,5%, pois o nível de atividade passaria a apresentar uma velocidade mais compatível com o potencial de expansão do País, que para ele está ao redor de 2% ao ano. Nesse contexto, ele projeta que a herança estatística do PIB em 2014 para 2015 será de 0,2%. Ele acredita que o País deverá registrar uma leve alta de 0,1% este ano. Para o ano que vem, ele estima uma elevação de 1,3%.

Alberto Ramos, diretor do Goldman Sachs, e Marcelo Salomon, codiretor de pesquisas para a América Latina do Barclays, também estimam que será muito pequena a herança estatística do PIB deste ano para o próximo. Ramos acredita que será de 0,3%. Salomon afirma que poderá ser "marginal" porque não prevê uma recuperação substancial do crescimento no segundo semestre, o que fará com que a taxa de crescimento do País para este ano seja de 0,1%. Contudo, ele possui uma avaliação um pouco mais otimista para a economia em 2015 - para ele, deverá avançar 1%. Nesse cenário, ele considera que haverá mudanças na gestão macroeconômica, pois acredita que Marina Silva vencerá as eleições e vai adotar uma política fiscal mais austera.

"O ambiente de negócios deve melhorar gradualmente no primeiro semestre do ano que vem e ganhar um pouco mais de tração no segundo semestre, especialmente com o avanço dos investimentos em infraestrutura baseados nas concessões para o setor privado", disse Salomon.

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Há especialistas que estimam que será nula a colaboração do PIB deste ano para o crescimento de 2015. Monica Baumgarten de Bolle diretora da Casa das Garças, pondera que o país pode registrar apenas uma alta muito suave do PIB no terceiro trimestre, especialmente porque a queda entre abril e junho foi substancial. "Mas há uma série de incertezas de empresários e consumidores sobre a gestão da economia pelo governo, o que mantém investimentos em níveis muito baixos e impede o avanço das vendas do varejo. Assim, é possível prever que o Brasil deve registrar zero de expansão no último trimestre", comentou.

Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, tem uma avaliação semelhante de que a economia no ano que vem não receberá nenhuma contribuição do PIB deste ano. Ela estima um crescimento entre 0,2% e 0,3% no quarto trimestre e de 0% entre julho e setembro, na margem. Nas suas previsões, o País deve apresentar uma alta de apenas 0,1% em 2014 e de 0,5% em 2015.

"Se não forem feitos ajustes na política macroeconômica pelo próximo presidente, o primeiro semestre do ano que vem poderá ser muito ruim", disse Solange. "É bem possível que empresas comecem a demitir, inclusive no setor automobilístico, caso o novo governo não adote importante correção de rumos, especialmente na área fiscal."

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