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Mantega: PIB anual caminha para a faixa de 2,2% | Ueslei Marcelino /Reuters
Mantega: PIB anual caminha para a faixa de 2,2%| Foto: Ueslei Marcelino /Reuters

Alívio

Agronegócio e investimentos avançaram

Os resultados do PIB não são de todo ruins. A atividade agropecuária teve o melhor trimestre desde 1998. Cresceu 9,7% em relação ao trimestre anterior e 17% ante janeiro a março de 2012. "Foi um resultado positivo, mas é preciso lembrar que a base de comparação é fraca. O setor teve um desempenho ruim em 2012, com queda de 2,3% no ano", afirma Rebeca de La Rocque, do IBGE. Além desses fatores, os especialistas esperam um bom resultado do setor agrícola com a expectativa de safra recorde neste ano. "A área plantada não cresceu no mesmo ritmo, o que mostra um aumento da produtividade", diz. Os investimentos também apresentaram expansão: 4,6% sobre o último trimestre e 3% na comparação anual. "No ano passado, os investimentos estavam em queda e o consumo das família em alta. O cenário mudou", alerta Rebeca.

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A economia brasileira fechou o primeiro trimestre de 2013 com apenas 0,6% de crescimento frente ao trimestre anterior, um resultado bem abaixo das expectativas do mercado, que apostava em algo entre 0,8% e 1%. Isso significa que a recuperação da atividade nacional está mais lenta que o esperado, mesmo com a série de medidas (desonerações, crédito barato para investimentos etc) que o Ministério da Fazenda adotou para estimular a economia.

Na comparação com o ano passado, o avanço foi de 1,9%, sendo que a indústria, em especial, recuou 1,4%. Nesse ritmo é impossível chegar aos 3,5% da meta do governo federal ou mesmo aos 3% antes previstos por boa parte dos analistas.

A faixa confortável daqui para frente, nem muito otimista nem pessimista, é a de 2,5%. No momento, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o país caminha a uma taxa anualizada de 2,2%.

Modelo

O ritmo menor que o esperado no crescimento reflete, segundo os analistas, o esgotamento do modelo de estímulo ao consumo. Pressionadas pela inflação e pelas dívidas, as famílias consumiram apenas 0,1% mais no primeiro trimestre de 2013 em relação ao trimestre imediatamente anterior. A volta da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos e eletrodomésticos e o crédito mais seletivo contribuíram para esse número.

Ainda assim,e na comparação com o 1.º trimestre de 2012, o consumo das famílias subiu 2,1%, a 38.ª alta consecutiva nesta base de comparação.

Erro de diagnóstico

Para o economista Lu­cia­no Nakabashi, professor da USP de Ribeirão Preto, a pressão inflacionária persistente é resultado também de um erro de diagnóstico da equipe econômica, que focou muito em proteger o país da crise externa e pouco – ou de forma atrasada – na resolução de entraves internos: infraestrutura precária; piora do cenário institucional pelo excesso de intervenção do governo no mercado; e carga tributária excessiva somada ao aumento de gastos públicos. "Todos esses efeitos tiveram como consequência uma estagnação ou queda da produtividade da economia e, com um baixo desemprego, medidas adicionais para estimular a demanda começaram a afetar, principalmente, os preços e, desse modo, a inflação", resume.

Expectativa

O economista Silvio Sa­les, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que a expansão da economia no segundo trimestre de 2013 virá ainda menor que a do primeiro. "De maneira geral, as sondagens do comércio, de serviços e de construção [de abril] têm mostrado, a partir do segundo trimestre, uma tendência declinante na percepção das empresas", argumentou Sales.

Dados regionais

Lavouras e emprego levam PR a crescer mais

Também ontem, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) divulgou os números prévios para PIB do estado: 2,8% de expansão no primeiro trimestre de 2013 ante o mesmo período de 2012. No país, essa variável cresceu 1,9%. Segundo o presidente do Instituto, Gilmar Mendes Lourenço, o desempenho esteve ancorado na renda do agronegócio e na vitalidade do mercado de trabalho. "A combinação entre os preços internacionais favoráveis dos alimentos e a elevação da produção de grãos produziu efeitos multiplicadores dinâmicos nas cadeias produtivas direta e indiretamente atreladas ao setor rural".

O estado colheu uma safra de verão recorde em 2013, de 23 milhões de toneladas, um acréscimo de 30% frente ao ano anterior. Em resposta, três segmentos industriais também conseguiram avançar. As indústrias química, de máquinas e equipamentos e de alimentos exibiram altas de 12%, 4,9% e 2,1%, respectivamente.

Para Lourenço, apesar da crise externa e das "incongruências da orientação macroeconômica do governo federal", três fatores devem conferir "vigor à economia paranaense no restante de 2013": o prosseguimento dos níveis de produção e de rentabilidade financeira do agronegócio; a maturação da carteira de R$ 21 bilhões em empreendimentos industriais atraídos pelo programa Paraná Competitivo; e as obras de infraestrutura previstas pelo governo estadual.

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