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O espanhol Josep Chias concedeu a seguinte entrevista à Gazeta do Povo, quando esteve em Curitiba, na semana passada:

Gazeta do Povo – Como surgiu a idéia de preparar um plano estratégico para Curitiba?Josep Chias – A Associação Comercial do Paraná e a Secretaria Municipal de Turismo pretendiam que eu falasse, na palestra de terça-feira, sobre o que pode ser feito para o desenvolvimento de um plano de marketing da cidade, inicialmente muito focado no turismo, mas que depois poderia abranger também o desenvolvimento econômico. O que eu recomendo é trabalhar com um plano de longo prazo, com um rumo muito claro, que dure, no mínimo, 10 a 15 anos.

– Existe então a possibilidade de um trabalho seu em Curitiba?– Nossa presença aqui é derivada de interesses tanto do setor público como do privado, e eles pretendem que façamos esse trabalho.

– A partir de quando?– (Risos) Aprendi na América Latina e também no Brasil que, quando você vê o contrato assinado, aí então começa a trabalhar. Se der certo, nossa proposta é preparar um plano durante seis meses, para então começar sua execução.

– O que poderia ser feito em Curitiba?– O que está claro é que o turismo em Curitiba ocupava determinada posição no Brasil há oito ou dez anos e caiu. Por que caiu? Essa é a primeira coisa que se deve pesquisar. Segunda coisa: a cidade precisa definir qual é a sua vontade no mundo do turismo, qual deve ser seu posicionamento competitivo. Se o Rio é uma referência de turismo muito voltada para a natureza, se São Paulo é conhecida por ser uma cidade moderna, onde temos que colocar Curitiba? Deve-se analisar quais são os produtos e recursos que você tem, qual é a imagem de Curitiba nos diferentes mercados-chave nacionais e internacionais, e também qual é a imagem que os turistas têm da cidade quando vêm para cá.

– O que é ideal para a cidade? Um turismo mais voltado ao lazer ou aos negócios?As duas coisas podem combinar perfeitamente, e essa é uma das recomendações que eu faço para Curitiba. O turismo de lazer agrega valor ao de negócios. É muito difícil fazer um congresso numa cidade onde não há mais nada a fazer. Turismo de negócios não é fechar a gente num monastério. É trabalhar num lugar onde haja antes e depois, até para que os acompanhantes de quem vai ao evento tenham com o que se ocupar durante o dia.

– Como você vê o crescimento do turismo em Foz do Iguaçu?– Trabalhei para o governo do Paraná há uns dez anos, cuidando do desenvolvimento da costa Oeste. O problema de Foz era que, mesmo sendo as cataratas uma coisa única no mundo, as pessoas chegavam e iam embora no mesmo dia. Decidimos que tínhamos que melhorar o funcionamento do Parque Nacional e aproveitar Itaipu. Hoje, as pessoas não ficam só um dia na cidade, ficam dois ou três.

– De que modo o turismo em Foz pode ajudar o restante do estado?– O Paraná tem que saber usar esse ícone que é Foz do Iguaçu para chamar turismo para o restante do estado. Quando se tem um grande ícone, não se pode brigar com ele. Um exemplo muito interessante disso é a cidade de Toledo, na Espanha, que fica a uma hora de Madri. Na promoção internacional, eles conseguiram colocar Toledo como um complemento a Madri. E o Paraná deveria ser trabalhado como um complemento de Foz.

– Qual é o efeito do turismo na geração de empregos?– Um aumento de 10% no turismo repercute em outros 51 setores da economia de um estado ou uma cidade. Na Espanha, o turismo tem participação de aproximadamente 15% no PIB. Se os efeitos sobre outros setores forem contabilizados, provavelmente o turismo teria o dobro dessa participação.

– No Brasil, qual a participação do turismo no PIB?– Acredito que esteja em torno de 5%. O Brasil poderia dobrar em quatro ou cinco anos esse índice, somente com investimentos em marketing. O Brasil deveria estar entre os dez países mais visitados do mundo, e entre os três da América, atrás só dos Estados Unidos e do México. Hoje, o país está entre a 20.ª e a 25.ª posição no mundo, e em quarto ou quinto na América.

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