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Curitiba – O Brasil não é um país interessante para investimentos privados. Além de ter uma cultura burocrática, o país coleciona condições adversas como a elevada carga tributária, o alto custo do capital, a falta de infra-estrutura e uma logística deficiente. A opinião é do presidente da Siemens, Adílson Antônio Primo, que esteve em Curitiba na semana passada participando das comemorações dos 50 anos da empresa no Paraná e dos 30 anos de instalação da fábrica na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). O grupo é referência em produtos e soluções para o setor eletroeletrônico, com destaque para as áreas de telecomunicações, automação industrial, energia e eletromedicina.

O executivo admitiu que hoje a Siemens investe mais na China do que no Brasil. Embora a empresa alemã esteja no país há 100 anos e mantenha por aqui 15 fábricas, o faturamento no país asiático – que tem menos fábricas – é superior. "A estratégia da Siemens é ter fábricas regionais. Se tivéssemos melhores condições de competitividade e o ambiente aqui fosse mais favorável, certamente teríamos mais possibilidades de trazer novos investimentos para o Brasil."

Apesar das queixas em relação ao câmbio e ao ambiente para investimentos, Primo garantiu que a Siemens não cogita transferir para outros mercados, como a Grécia ou a China, sua produção dedicada às exportações. A unidade curitibana exportou US$ 80 milhões no exercício financeiro de 2005, o equivalente a quase 18% do total das vendas externas da operação brasileira da empresa.

Em linha com o que disseram outros representantes do empresariado, o presidente da Siemens observou que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre já era esperada – só não se imaginava um recuo tão grande (1,2%).

"A economia brasileira já vinha pisando no freio. O que surpreendeu foi o tamanho da freada." Para Primo, o PIB de 2005 dificilmente chegará a 3%, devendo atingir no máximo 2,5%. Trata-se de um índice que, segundo ele, ficará abaixo do crescimento de todos os demais países emergentes. "Isso é lamentável para um país que tem uma economia dinâmica."

O executivo não esqueceu de criticar a política cambial, que em sua opinião levou a cotação do dólar – hoje na casa dos R$ 2,20 – a um patamar fora da realidade. "Esperamos que, com a previsão de queda das taxas de juros e com a variação negativa do PIB no terceiro trimestre, o câmbio tenda a se ajustar."

Primo defende uma cotação do dólar entre R$ 2,60 e R$ 2,70, mas não acredita que a situação possa se reverter no curto prazo. "Pode ser que, ao final de 2006, o dólar chegue a R$ 2,60."

O executivo reclama do fato de, com a atual cotação da moeda norte-americana, as exportações perderem rentabilidade. No caso da Siemens, as vendas externas de segmentos como o de energia operam com lucro próximo a zero. "Fechamos contratos com o dólar a R$ 2,60 e hoje recebemos R$ 2,20. Só aí dá para avaliar o prejuízo."

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