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Motor F1C híbrido (gás natural + elétrico) apresentado na semana passada, no Salão de Hannover (IAA 2018), na Alemanha. | Divulgação/
Motor F1C híbrido (gás natural + elétrico) apresentado na semana passada, no Salão de Hannover (IAA 2018), na Alemanha.| Foto: Divulgação/

A eletrificação é um caminho sem volta para o setor de veículos automotores, mas o caminho até o abandono completo dos combustíveis fósseis passa por um modelo de transição. Esta é a crença que motivou a CNH Industrial a apostar suas fichas em um motor híbrido elétrico e a gás natural. O modelo já é utilizado em larga escala em ônibus urbanos na China. Mas a expectativa em torno da sua popularização na América Latina (em especial no Brasil) é alta.

Desenvolvido pela FPT (divisão de peças da CNH), o motor possui um sistema elétrico (o Elfa e-drive, da Siemens) que, sozinho, consegue gerar energia o suficiente para mover o veículo. É diferente dos modelos flex, em que há uma alternância de combustíveis (entre etanol e gasolina, por exemplo). Neste caso, o Gás Natural é utilizado para carregar a bateria.

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Desta forma, não há necessidade de “plugar” o veículo na tomada para carregá-lo utilizando a eletricidade da rede. Essa é uma das grandes vantagens do modelo, na avaliação da CNH.

“Uma discussão que permeia os elétricos é saber de onde vem esta energia. Até a geração de hidrelétricas é um pouco complicada, porque às vezes é preciso cobrir áreas que têm vegetações e você não consegue transportar aquele ecossistema para outro lugar”, pondera Gustavo Teixeira, da CNH Industrial. É comum ver casos, como na Europa, em que carros com energia “limpa” são abastecidos em redes elétricas que utilizam a queima de carvão, por exemplo.

O motor da FPT Industrial (denominado F1C) pode ser abastecido com gás natural comprimido (GNC), gás natural liquefeito (GNL) e biometano. A companhia estima que a emissão de gás carbônico pode ser reduzida em até 30%.

O gás armazenado no motor funciona como uma mini-geradora. Ele entra em ação para alimentar a bateria. Quando a carga está completa, o gás desliga — e volta a operar se o nível elétrico fica baixo. Sem necessidade de qualquer tipo de acionamento por parte do motorista ou operador da máquina.

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O motor pode ser utilizado em qualquer uma das frentes da CNH Industrial, que inclui ônibus e caminhões (produzidos pela Iveco), máquinas agrícolas e de construção civil (das marcas Case e New Holland).

A primeira implantação massiva foi no transporte público, na China. Em parte pelo ruído — são mais silenciosos do que os motores a combustão —, mas também por questões de saúde, já que reduz a emissão de gases nas grandes cidades, onde está concentrada boa parte da população que hoje enfrenta problemas diretos e indiretos por conta da poluição.

A CNH vê a eletrificação como um “caminho sem volta”, mas que pode ocorrer de diferentes maneiras. “A chave é o balanço. A eletrificação completa é a solução? Pode ser. Mas em um mercado que trabalha 24 horas por dia, 365 dias por ano, com a máquina no limite, será que o melhor é a eletrificação completa? Aí entram soluções híbridas. E é preciso balanceamento”, avalia Sergio Soares, diretor de engenharia agrícola da CNH Industrial. Soares falou sobre o tema no 1.º Innovation Day da empresa, realizado em Sorocaba (SP).

Brasil

Ainda não há utilização comercial de veículos com os motores híbridos F1C no Brasil. É um passo que depende, em parte, da própria demanda dos clientes, segundo a CNH Industrial.

No entanto, a empresa já trabalha com motores movidos a biometano, que dispensam o uso do diesel. Em especial na agricultura, onde há uma produção de biogás mais consolidada.

Em geral os clientes que optam por este sistema já produzem biogás na propriedade a partir de decomposição de vegetais, como cana-de-açúcar, ou de restos de animais. Este gás precisa ser trabalhado, antes de ser liberado na atmosfera, e uma opção é colocar em um biodigestor para produzir o biometano — que pode ser utilizado como combustível do motor ou ser vendido para a rede.

Transporte coletivo

No segmento de transporte coletivo, outras empresas já atuam no país com ônibus híbrido. A Volvo utiliza os híbridos em parte da frota de Curitiba desde 2012. São veículos que funcionam em uma combinação de dois motores, um elétrico e outro a diesel.

Recentemente a equipe brasileira da Volswagen anunciou, em Hannover, na Alemanha, o ônibus Volksbus e-Flex. É um híbrido que pode rodar de três formas: como veículo 100% elétrico, com baterias; como um híbrido elétrico a gasolina ou etanol; e como híbrido elétrico com plug-in, em que o motor elétrico tem maior autonomia.

*A repórter viajou a convite da CNH Industrial

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