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| Foto: Timothy A. Clary/AFP

Wall Street odeia Barack Obama. E muito, pelo que sabemos. Mas por quê? Há apenas três anos, ele era o candidato favorito de Wall Street. Após ser eleito, ele ajudou a resgatá-los. Ele evitou que o Congresso fosse atrás do pagamento deles. Ele rejeitou propostas para reformas radicais, como dividir os maiores bancos. Seria natural se Wall Street desse a Obama um grande bônus de Natal neste ano. Em vez disso, eles estão se mobilizando contra ele.

Existem diversas teorias sobre isso. Uma é a política: a administração forçou o projeto Dodd-Frank de reforma de regulamentação financeira, que afeta as ações proprietárias, a alavancagem e outras ferramentas usadas pelos bancos para elevar os lucros. Outra é a ideologia: Wall Street viu Obama como um socialista, buscando redistribuir seus ganhos suados aos preguiçosos e pobres. Uma terceira explicação é a psicologia: Obama claramente não respeita Wall Street. Portanto, Wall Street o odeia.

Todos esses motivos podem ser – e provavelmente são – parte da história. Mas agora há um colaborador muito mais concreto para essa antipatia. Talvez Wall Street odeie Obama porque Wall Street está indo muito mal – e todos culpam o chefe quando a economia não vai bem. Os grandes bancos de investimento não estão quebrados – eles permanecem, em sua maioria, empresas lucrativas. Mas não estão crescendo como há um ano ou até seis meses atrás e estão demitindo funcionários e cortando bônus à medida que os lucros caem.

Apenas seis meses atrás, os lucros do setor financeiro estavam voando alto. Bancos como Goldman Sachs não tinham mais o Lehman Brothers ou o Bear Stearns para competir. Menos concorrentes e a ampla ajuda do Tio Sam empurraram os lucros para cima.

Mas isso acabou. Na semana passada, o J.P. Morgan, considerado a mais saudável das grandes casas de investimentos, reportou que seus lucros no terceiro trimestre caíram 4%, mesmo após ter se beneficiado por uma alteração contábil. Analistas estão baixando suas estimativas para bancos como o Goldman Sachs, cujo lucro trimestral deve cair de US$ 10,71 bilhões a US$ 4,93 bilhões de um ano para outro.

E por quê? Em primeiro lugar, a economia acabou de se alinhar aos bancos. Os consumidores americanos não estão consumindo muito, o que significa que os negócios americanos não estão prosperando. Fusões e aquisições se desaceleraram em um momento em que as empresas preferem segurar seu dinheiro, ou gastá-lo para sobreviver. A enxurrada de ofertas públicas iniciais no setor de tecnologia acabou. A crise da dívida europeia e o impasse político de meses ao redor do problema estão pesando no mundo financeiro. Isso significa problemas para os resultados de bancos de investimento.

Neste mês, o Citi conduziu uma pesquisa com um grande número de investidores, perguntando para onde eles veem os mercados indo e os sentimentos atuais. A proporção que vê uma recessão triplicou desde julho, atingindo 30 por cento. Hoje, a maioria acredita que Obama perderá as próximas eleições. E aquilo que os investidores mais temem, mais do que a dívida e a moradia e a queda nos lucros? ‘’Erros de políticas do governo".

A antipatia com Obama, claro, não é nova. Muitos financistas já odiavam o presidente antes de seus lucros se voltarem ao sul, no tempo em que sua única reclamação era que Obama chamava-os de gatos gordos e queria regulamentá-los. Mas Wall Street passou de aparentemente cautelosa a fervorosamente contra. Parte disso pode ser apenas sua força renovada juntando-se à crescente fraqueza do presidente. Mas parte disso é porque Wall Street está, repentinamente, sofrendo um pouco – e como muitos americanos, eles culpam o presidente.

Annie Lowrey escreve sobre economia para a Slate, onde este artigo foi originalmente publicado.

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