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Curitiba – Em seis meses, mais de 17% dos curitibanos mudaram de opinião sobre o referendo da venda de armas de fogo no país. O Instituto Paraná Pesquisa mostra que, se o referendo fosse hoje, 53% dos moradores da capital paranaense votariam pela proibição e 42% votariam de forma contrária à medida. No fim de março, o instituto já havia feito uma sondagem semelhante para saber a opinião da população sobre a consulta. Àquela época, sete em cada dez curitibanos eram favoráveis à proibição.

"Houve uma mudança significativa de tendências nas perguntas relacionadas ao referendo. Nas demais questões, os porcentuais foram mantidos", explica o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo de Oliveira. De fato, em perguntas relacionadas à sensação de segurança do entrevistado ou sobre as causas da violência, as respostas mantiveram a média. Os curitibanos sentem-se pouco seguros e apontam as drogas e o desemprego como causas da criminalidade.

A Paraná Pesquisa também mostra que pelo menos seis em cada dez pessoas ouvidas, atirariam, caso tivessem uma arma de fogo e enfrentassem uma situação de perigo. Porém, entre 65% (em setembro) e 77% (em março) dos entrevistados afirmam que ter uma arma não aumenta a sensação de segurança.

Os grupos pró e contra a proibição da venda de armas reagiram de formas diferentes ao resultado da pesquisa. O professor e presidente do Movimento Viva Brasil, Bene Barbosa, vê duas explicações para o aumento no número de pessoas que votariam contra a proibição.

"O Estatuto foi implementado, passou o tempo e as pessoas sentem na pele que a violência continua. E a tendência é que essa proporção seja invertida. As pessoas vão conversar mais, ter acesso às informações na propaganda eleitoral e perceberão que o referendo não passa nem perto de desarmar o criminoso", explica.

O sociólogo, coordenador do Projeto de Controle de Armas do Viva Rio e autor do livro Armas de Fogo: Proteção ou Risco, Antônio Rangel Bandeira, diz que, desde que foi implementado, o Estatuto tem cumprido seu papel e apresentado bons resultados.

"O erro é de comunicação, de conscientização da população. Sabíamos que a entrega voluntária de armas iria reduzir três estatísticas: os acidentes de crianças com armas de fogo, os crimes passionais e de relação entre conhecidos e os suicídios."

A violência urbana e o combate ao crime organizado serão atacados, gradativamente, segundo Bandeira, pelas outras medidas do estatuto, como a marcação da munição, a criação de um sistema de cadastro de armas que unifica os dados da Polícia Federal e do Exército, além do aumento da pena para traficantes de armas. "Com os programas na televisão poderemos explicar melhor essas situações", diz o sociólogo.

Longe da polêmica, Murilo faz uma previsão. "Teremos uma disputa muito equilibrada."

A pesquisa ouviu 577 eleitores nos dias 27 e 28 de setembro. A margem de erro é de 4%.

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