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Nascido na aldeia indígena Cachoeirinha, no município de Miranda (MS), Rogério, um índio da etnia Terena (origem chaco paraguaio), iniciou sua caminhada aos 17 anos, até conquistar o título de doutor pela UEL. Após concluir o ensino fundamental e médio na própria aldeia, Rogério seguiu rumo ao Rio de Janeiro para se tornar agrônomo e depois um mestre na área. Hoje, há vinte anos distante das suas origens, Rogério comemora. "É um sonho particular meu, valeu a pena", diz.

A própria convivência com os assuntos do solo fizeram com que Rogério sentisse a necessidade de deixar seu povo para tentar melhorar o que era visto como um problema. Difícil, porém, é fazer com que uma população com costumes muito antigos aceite bem a ajuda de um especialista no assunto. "Quando morava na reserva já via vários problemas. Uma das alternativas era sair para estudar e voltar com a solução. Mas hoje já vejo de maneira diferente. Eles não aceitam mudar radicalmente. Para ajudar mesmo, só entrando em um órgão que trabalha com questões indígenas", conta.

Talvez a parte mais complicada de se deixar uma comunidade com culturas diferentes seja passar a viver em outro tipo de sociedade. Rogério conta que sentiu esta dificuldade na pele. "Acho que sobrevivi. Tem uma certa discriminação, mais no próprio estado (MS). A gente ouve da boca de colegas, até com uma formação, que não fazemos parte da sociedade. Fora do MS não teve preconceito, já no RJ todo mundo queria ajudar", lembra Rogério.

Estas deixam Rogério triste, mas não chegam a abalar completamente. O que o motiva é a esperança de um dia poder reverter a situação. Se não ele, as próximas gerações. "Foram necessários 500 anos para eu chegar aqui, é muito teto. Quem sabe daqui uns 500 anos a gente não põe na cabeça das pessoas que não é bem assim", afirma.

O Brasil tem cerca de 700 mil índios, segundo dados da Funasa, sendo cerca de 55 mil no MS.

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