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O assunto de hoje é controverso e nos foi apontado por uma leitora. Trata-se do registro em carteira e da importância dessa formalização para os profissionais brasileiros. Boa leitura!

Roberta é graduada em Administração e está sofrendo com uma realidade presente em nosso país. A profissional tem encontrado muitas dificuldades para conseguir um trabalho que lhe ofereça registro em carteira.

Formada há mais de dez anos, Roberta tem bastante experiência e conhecimentos em sua área. Preparou-se para o mercado concluindo duas pós-graduações e mantém-se atualizada participando de cursos e palestras sobre seu segmento. Seu perfil comportamental é positivo, e suas qualidades sobressaem aos pontos que ainda precisa melhorar.

Mesmo com seu alto coeficiente emocional e suas habilidades técnicas, Roberta está desempregada há oito meses. Por isso começou a se perguntar o que havia de errado, por que não conseguia uma recolocação. Lembrou-se, então, de seu histórico profissional e notou que não tinha permanecido muito tempo em boa parte das empresas em que trabalhara e que, na maioria das vezes, tinha atuado em entidades sindicais e associações de classe. Nesses locais, era desligada toda vez que a diretoria mudava.

Houve, ainda, uma oportunidade em uma organização privada que a contratou por um período de experiência. Roberta passou pelo prazo estabelecido, mas quando chegou a hora de ser efetivada foi logo descartada em favor de outro profissional, recém-formado.

A administradora, então, começou a acreditar que o empecilho estava no excesso de qualificações que detinha, o que implicaria um salário elevado. Porém, qual não foi sua surpresa ao ouvir de uma amiga empresária que seu maior problema estava no apego à carteira assinada.

Roberta, assustada com a declaração, pediu mais explicações sobre a teoria levantada pela colega. "Você sempre é afastada quando se negam a registrá-la em carteira", lembrou a amiga. "Na visão da empresa, você está mais preocupada com o registro do que com os resultados que pode conquistar", complementou a empresária.

O palpite fez Roberta perceber que, realmente, a carteira assinada era muito importante para ela. A profissional a valorizava tanto que chegou a recusar duas colocações que não ofereciam registro formal. Para a administradora, este representava a garantia do emprego e a continuidade de sua carreira. Além disso, os benefícios embutidos eram muito atraentes para Roberta, que não podia imaginar um trabalho sem décimo terceiro, férias, etc. Para ela, assim como para várias outras pessoas, o registro em carteira significava uma conquista.

Sua amiga, entretanto, a alertou para o fato de que as relações de trabalho estavam mudando e de que para diversas organizações, sobretudo para as de pequeno porte, o registro dos empregados acarreta gastos tão altos que inviabiliza a sobrevivência do negócio. E, mesmo sem registrar os funcionários, essas empresas representam a maior fonte de empregos do País.

O conselho da amiga para Roberta foi de que ela destinasse mais atenção ao trabalho em si e focasse menos o registro. "Quando isso acontecer", disse a empresária, "tenho certeza de que você encontrará uma recolocação e que, mais cedo ou mais tarde, a empresa em questão irá retribuir sua dedicação com o registro esperado".

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Conseguir uma assinatura na carteira de trabalho foi, por muito tempo, a única garantia do profissional. Hoje, todavia, com a evolução das relações entre empregados e empregadores, o registro – embora essencial – perdeu importância aos olhos do mercado. Ao profissional restam alternativas como a abertura de uma empresa para a prestação de serviços ou o registro de autônomo. Em qualquer um dos casos, o empregado precisa se dedicar e trazer resultados para se manter contratado.

As organizações, por sua vez, precisam oferecer benefícios atraentes para conquistar os novos profissionais, que não se apegam ao documento de trabalho, mas às possibilidades de crescimento na carreira. Em função disso, no mercado atual a formalização da relação de trabalho ficou em segundo plano, sendo a qualidade dessa relação a prioridade para ambos os lados - empresa e funcionário.

SAIBA MAIS...

Oficinas profissionalizantes

Desde fevereiro, a Bosch, empresa que opera nas áreas de tecnologia automotiva, bens de consumo e construção, vem promovendo cursos pela Oficina Profissionalizante Vila Verde, projeto que atinge a comunidade vizinha à fábrica, na Cidade Industrial de Curitiba.

O programa favorece jovens de 15 a 20 anos que estão concluindo o ensino médio no colégio estadual da região e tem o propósito de facilitar a inserção deles no mercado de trabalho. Até agora já foram ofertados cursos de instalação elétrica e mecânica básica, mas ainda fazem parte do cronograma oficinas de corte e costura, pintura, serviços de recepção e para formação de assistentes administrativos, além de outras.

Nas aulas também são transmitidos conhecimentos para uma apresentação pessoal adequada, para a elaboração de currículos, técnicas de apresentação em público e organizadas palestras de cunho social e educativo. Adultos com dificuldades para recolocação no mercado podem, da mesma forma, participar do projeto, que tem como parceiros o Senai, o Sesi e a Secretaria Municipal de Educação de Curitiba.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986

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