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Hoje iniciarei uma série de quatro capítulos, que abordará o tema Conhecimento. Para tanto, farei uso de uma fábula, que tem como personagens o velho mestre Raposão, professor universitário de um curso de Administração para raposas, e seus alunos, que integram uma platéia ávida por informações. Durante esse e os capítulos seguintes, as raposas da história estudarão um povo já extinto: os seres humanos. Convido você a embarcar nessa fábula e aprender com as raposas a administrar o conhecimento nas organizações.

Há mais de 600 anos, os homens passaram por uma evolução que os levou a atingir o status de raposas, hoje a espécie mais avançada do planeta. Ela trata com carinho seus semelhantes e dedica um cuidado especial às antigas práticas humanas, procurando aproveitar o que foi bom e descartar o que não foi. Assim, as raposas tentam evitar que os erros cometidos no passado se repitam.

Ao falar para seus novos alunos de Administração de Empresas sobre algumas práticas malsucedidas de outros tempos, Raposão aponta a questão do conhecimento como fonte de poder. "Nas antigas organizações, o conhecimento era usado pelos humanos para defender interesses particulares, bem como a vontade de seus semelhantes mais próximos, estabelecendo uma forma de domínio sobre os que não tinham essa chance. Como vocês já devem ter lido, os homens, apesar de apregoarem a igualdade entre todos, gostavam na verdade de se distinguir", explicou o professor. Os alunos, boquiabertos com tais declarações, não deixaram de questionar como os humanos puderam se comportar assim. Afinal, subjugar os outros por meio do domínio da informação era inaceitável. Todos ali já tinham ouvido coisas ruins sobre os homens, mas essa forma de exercer o controle era algo novo para os estudantes.

O professor continuou: "Utilizar a informação como fonte de poder não era uma atitude de fácil identificação. Por isso, era difícil de ser combatida. Os humanos, bem espertinhos, ocultavam esse poder dando-lhe nas empresas diversos disfarces. Assim agiam para causar a impressão de que o utilizavam em nome do interesse coletivo. Desse modo, não podiam ser desafiados ou contrariados.

O costume era chamar de chefe o humano que mais acumulava, ou fingia acumular, informações sobre determinado assunto. Como vocês já sabem, os chefes devem usar seu conhecimento para ajudar sinceramente os outros a alcançar resultados. Mas com os humanos não era assim.

Pior: como os subordinados geralmente não tinham o mesmo conhecimento do chefe, este usava seu saber para antecipar visões e definir missões e objetivos, direcionando os pensamentos da época. Isso normalmente fazia com que as empresas e, principalmente, os subordinados o vissem como um ser superior e mais inteligente e normalmente o seguissem sem muitas contestações. Os chefes, pelo fato de possuírem conhecimentos exclusivos, definiam o que deveria ser aprendido e estudado, impondo temas que viravam ‘moda’. Os subordinados que não apoiavam os líderes eram discriminados e tidos como atrasados.

Os chefes, por sua vez, se transformavam em gurus. Comumente, aquele que possuía certo conhecimento concentrava em si as decisões que permeassem tal assunto, impedindo que outros humanos pudessem manifestar opiniões diferentes da sua. Isso era usado inclusive na política pelos dirigentes, que desestimulavam a vontade geral privilegiando a sua própria (alguns até se tornavam ditadores). Nesse caso, cada governante argumentava a seu favor dizendo que sabia mais do que os outros, que via o que os demais não viam e que, portanto, todos tinham que segui-lo e obedecê-lo, porque só ele sabia o que era melhor para a sociedade.

Muitos chefes, na época, captavam a admiração dos subordinados e, em vez de dirigi-los, manipulavam-nos. Isso era muito comum nas estruturas organizacionais. Decidia quem pensava. Os demais não precisavam pensar; logo, só executavam. Em virtude disso", continuou o professor, "o Conselho Superior das Raposas decidiu há centenas de anos que toda informação precisa ser compartilhada. Quem não compartilha a informação é considerado inimigo da espécie e condenado a se isolar na mais recôndita região, não podendo se comunicar com outras raposas. E mais: toda raposa que almeja a posição de chefe deve usar as informações para desenvolver as potencialidades e a felicidade de seus subordinados".

No próximo domingo, professor Raposão falará aos seus discípulos sobre os consultores, espécie freqüentemente presente nas organizações. Não deixe de acompanhar!

SAIBA MAIS...Acabando com a violência na fronteira

Desde 2003, a Itaipu Binacional tem unido esforços com ONGs, sociedade civil e outras empresas para auxiliar o projeto Violência na Fronteira, lançado pela Organização Internacional do Trabalho. A iniciativa, que envolve Brasil, Paraguai e Argentina, tem como objetivo o combate à exploração sexual de menores na Tríplice Fronteira. Para fortalecer o projeto, a Itaipu criou uma campanha incentivando a denúncia desse abuso e estimulando a busca de ajuda pelas crianças sujeitas a ele. Mais tarde, a empresa procurou capacitar a rede turística local, com a adoção de um selo para os hotéis que reprovavam o turismo sexual. Depois de identificar que o problema também tem raízes no convívio familiar, cedeu à ONG Casa Família Maria Porta do Céu uma casa para abrigar mulheres vítimas de violência doméstica e seus filhos. Com essas ações, a Itaipu procura servir de articuladora das ONGs junto a órgãos públicos, contribuindo para que elas futuramente possam trilhar seu caminho sozinhas.

Bernt Entschev é presidente do Grupo De Bernt. Empresário com mais de 36 anos de experiência junto a empresas nacionais e internacionais. Fundador e presidente do grupo De Bernt, formado pelas empresas: De Bernt Entschev Human Capital, AIMS International Management Search e RH Center Gestão de Pessoas. Foi presidente da Manasa, empresa paranaense do segmento madeireiro de capital aberto, no período de 1991 a 1992, e executivo da Souza Cruz, no período de 1974 a 1986.

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