O Brasil e a Argentina celebraram nesta quarta-feira 20 anos de integração com uma reunião entre seus presidentes, que elogiaram o líder da Venezuela, Hugo Chávez, e o candidato à presidência da Bolívia Evo Morales, mas não conseguiram solucionar suas disputas comerciais.

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Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, não assinaram, conforme se esperava, uma cláusula para restringir, via salvaguardas, o comércio bilateral em setores prejudicados pelas exportações. Os dois, porém, se comprometeram a continuar com os esforços para implementar essa cláusula "antes de 31 de janeiro de 2006".

Lula expressou o apoio do governo brasileiro à Argentina nas negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Após participar da reunião com seu colega para comemorar duas décadas do encontro entre os ex-presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín, pontapé inicial para a formação do Mercosul, Lula defendeu a necessidade de fortalecer a economia argentina.

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- O Brasil quer como sócia uma Argentina forte e confiante, guiada pela criatividade de sua gente e pelas reconhecidas vocação manufatureira e capacidade técnica de sua indústria. Por isso, apoiamos o governo argentino nas negociações com o FMI, para garantir a reindustrialização de sua economia e preservar os importantes avanços na geração de crescimento e de emprego nos últimos dois anos - disse Lula, que assinou com Kirchner o Compromisso de Porto Iguaçu, documento que prevê a atuação conjunta no que diz respeito aos organismos multilaterais de crédito.

A Argentina ainda não conseguiu selar um novo acordo com o Fundo. As negociações deverão ser retomadas em breve pela nova ministra da Economia do país, Felisa Miceli, que participou do encontro presidencial e conversou com vários ministros brasileiros, em especial com o titular da Fazenda, Antonio Palocci.

Miceli assume o cargo oficialmente nesta quinta-feira e uma de suas prioridades será avançar nas conversas com o FMI.

Ao contrário de alguns eventos multilaterais anteriores, quando abandonou subitamente as reuniões, desta vez Kirchner permaneceu até o fim, e o clima do encontro foi considerado ameno.

"Os presidentes Lula e Kirchner advogarão conjuntamente, no referente às instituições multilaterais de crédito, para evitar a imposição de condições que afetem a capacidade dos governos de promover políticas de crescimento, emprego digno e inclusão social", indicou a declaração dos dois.

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Numa espécie de relançamento do Mercosul, foram assinados 23 protocolos entre Brasil e Argentina, nas áreas de cooperação nuclear, administração consular, migrações, cultura, ciência e tecnologia, comércio, saúde, educação, defesa e integração energética, entre outros.

Em relação às questões comerciais, Brasil e Argentina não conseguiram chegar a um acordo sobre a incorporação ao bloco da Cláusula de Adaptação Competitiva (CAC), que previa a imposição de limitações ao comércio (as chamadas salvaguardas, no jargão diplomático) caso um dos países considere que as importações de outro sócio do Mercosul estão provocando forte dano à sua indústria local.

- As negociações estavam indo bem, mas a troca de ministros da Economia na Argentina nos fez recuar e impossibilitou o acordo - afirmou um importante negociador brasileiro.

Representantes dos dois países voltarão a se reunir no dia 5 de dezembro, no Rio, para uma nova tentativa de acordo.

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