Ricardo Cipullo, diretor da Renaissance Executive Forums no Paraná: grupo em Curitiba conta com nove empresários| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Eles estão no topo da hierarquia das empresas e volta e meia se defrontam com o que os analistas de gestão e recursos humanos chamam de "solidão da liderança". A responsabilidade de tomar decisões importantes faz com que os presidentes das empresas muitas vezes não tenham a quem recorrer na busca por um conselho. De um lado, subordinados tendem a concordar demais com as opiniões do chefe. De outro, familiares são bom apoio moral, mas raramente têm conhecimento técnico sobre os desafios à frente da empresa.

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Pensando nisso, surgiu nos Estados Unidos o Renaissance Executive Forums, uma companhia focada em ajudar executivos de alto-escalão. O Renaissance funciona como um "clubinho de CEOs", em que presidentes de empresas de diferentes ramos se encontram mensalmente para discutir e debater questões ligadas à gestão das empresas e à carreira dos executivos. "A ideia é colocar o CEO entre 'iguais'. O maior benefício desses encontros é que não há restrição de assunto. Dentro de um mesmo grupo nunca há concorrentes, fornecedores ou clientes. Então ele pode falar sobre os desafios e receber feedback sinceros de pessoas com experiência e sucesso, que, assim como ele, lideram uma organização", afirma André Kauf­mann, presidente da Renaissance no Brasil.

Em Curitiba, o grupo é formado por nove presidentes de em­­presas que faturam entre R$ 60 milhões e R$ 1 bilhão ao ano. Em média, os empresários têm cerca de 45 anos. Os encontros ocorrem nas próprias companhias dos membros da Renas­­saince, em escala de rodízio, e normalmente duram cerca de cinco horas. Das nove empresas, quatro são grandes multinacionais, duas têm capital nacional e três são familiares.

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Os encontros têm formato estruturado. Eles começam com uma palestra de um especialista de fora do grupo. Pouco antes das eleições presidenciais, por exemplo, o professor Judas Tadeu, diretor-presidente da Estação Business School, falou aos CEOs sobre o cenário político-econômico do país. Depois, segue um briefing de um dos presidentes sobre um problema ou desafio qualquer que esteja enfrentando. Depois, os membros debatem a questão. "As discussões são variadas, desde fusões e aquisições, sucessão e nível ótimo de endividamento até questões pessoais e de carreira", diz Ricardo Cipullo, diretor da Renaissance no Paraná e ex-presidente da Brose do Brasil. Para entrar para o grupo, o executivo normalmente é indicado por um membro atual. A mensalidade é de R$ 2, 9 mil.

O atual presidente da Brose, José Bosco da Silveira Junior, faz parte do grupo em Curitiba. Segundo ele, o grande benefício é a troca de experiências. "O grupo tem uma característica interessante porque é formado por pessoas em posição de grande responsabilidade, e que na essência têm desafios semelhantes." Ele faz uma analogia com um conselho de administração, mas com uma diferença importante. "Imagine um exemplo hipotético em que devo decidir se vou investir numa linha de produtos 'a', 'b' ou 'c'. Você faz uma exposição sobre cada alternativa, e depois os outros membros vão fazendo perguntas e expondo suas críticas. No fim, você guarda o que cada um disse e não precisa fazer réplica. As contribuições são dadas, mas você faz o que quiser com aquilo. Não precisa dar justificativa para ninguém."

Uma vez por ano, a Renais­­sance também realiza um encontro nacional entre os membros de todos os grupos no país. Atualmente, são 70 CEOs em seis grupos de aconselhamento em quatro cidades. A Renaissance também estuda criar novos grupos, como um para CEOs de empresas com faturamento abaixo dos R$ 50 milhões anuais.