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Márcio Kaiser, do IBGC: salário de conselheiro não pode criar dependência | Rodolfo Bührer / Arquivo / Gazeta do Povo
Márcio Kaiser, do IBGC: salário de conselheiro não pode criar dependência| Foto: Rodolfo Bührer / Arquivo / Gazeta do Povo
  • Veja que das 171 empresas pesquisadas pelo IBGC, 21 estão na região Sul e 6 no PR

Entre 171 empresas de capital aberto listadas na bolsa, as paranaenses são as que pior remuneram diretores e membros do Conselho Administrativo na comparação com a média nacional e da Região Sul. As companhias do estado pagam, na média, R$ 964 mil ao ano aos executivos da diretoria – ou cerca de R$ 80 mil ao mês, contando bônus e 13.º salário. A média do Sul é de R$ 989 mil e a nacional, de R$ 1,4 milhão ao ano. Os conselheiros nas empresas do estado ganham R$ 168 mil, contra R$ 251 mil no Sul e R$ 230 mil na média nacional. Os dados são de uma pesquisa inédita feita pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Das 171 companhias pesquisadas, 21 são do Sul e 7 do Paraná.

Tema de grande debate durante a crise financeira mundial, os salários pagos a executivos de grandes empresas sempre foram muito acima da realidade do trabalhador médio. Na pesquisa, porém, chama a atenção a remuneração dos conselheiros, uma função que vem ganhando cada vez mais destaque nas corporações brasileiras, especialmente na medida em que as empresas familiares vão adotando as práticas de governança corporativa – parte central da filosofia de governança é a instauração de um Conselho Adminis­trativo.

Coordenador da seccional paranaense do IBGC, Márcio Kaiser afirma que a remuneração de um conselheiro deveria seguir uma métrica comum. Segundo ele, a conta ideal é a divisão do salário mensal do presidente da empresa pelos dias dedicados pelo conselheiro à função. "É um cargo que não pode nem ter um salário muito pequeno, em respeito ao histórico do conselheiro, que normalmente é um profissional experiente, nem muito alto, para que aquela fonte de renda não se torne indispensável e ele acabe tomando uma decisão que não seja necessariamente a melhor para os acionistas, e sim para si próprio."

O que fazem?

A recomendação do IBGC é que empresas com faturamento superior R$ 50 milhões criem um conselho. Em boa parte, o trabalho do conselheiro é representar os acionistas e fazer o meio de campo junto aos executivos da empresa. Kaiser lista cinco principais atividades do cargo: 1) orientar e definir a estratégia da empresa; 2) monitorar a gestão; 3) gestão de recursos humanos; 4) gestão de risco dos negócios; e, quando é o caso, 5), acompanhar as estratégias ligadas à responsabilidade socioambiental.

O coordenador do IBGC também recomenda que o conselheiro não passe mais de três ou quatro anos no cargo. "É preciso ter um mandato para não perder a independência. É um ponto central dessa função."

Momento

Membro do Conselho de Admi­nistração da Bematech, empresa paranaense de soluções em automação para o varejo, o executivo Wolney Betiol diz que, na escolha dos membros do conselho, a companhia deve avaliar o mo­­mento pelo qual passa. "Se é uma empresa que está numa fase de expansão internacional, é bom buscar um executivo que conheça bem desta área. Em geral, é importante que o conselheiro conheça o mercado em que a empresa atua, a lógica e a dinâmica do setor", afirma ele. Betiol também é conselheiro da empresa de capital de risco da Califórnia ViaSphere Inter­national.

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