Depois do escândalo que deixou milhares de investidores da Fazenda Boi Gordo com um prejuízo de R$ 1,3 bilhão na mão, em 2001, um novo fantasma voltou a rondar os que apostam no mercado de avestruz desde sexta-feira. Com cerca de 1 mil investidores e quase 30 franquias em todo o país, a sede da empresa Avestruz Master, em Goiânia, amanheceu de portas fechadas, assim como seus escritórios regionais, deixando de honrar pagamentos de alguns milhões de reais.

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A empresa explora um mercado lucrativo no Brasil, que consiste basicamente na venda de contratos de entrega futura de avestruz, por meio de cédulas de Produto Rural ou CPRs, com garantia de recompra, com rentabilidade, pelo Abatedouro Struthio Gold.

O negócio soaria tentador não fosse por um detalhe: a Avestruz Master não tem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para negociar este tipo de papel e, portanto, não está sujeita a todos os processos de fiscalização da autarquia.

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Preocupados com a possibilidade de um calote, investidores invadiram fazendas da empresa e saquearam escritórios. Alguns recorreram à Justiça para reaver os animais. Em quatro decisões proferidas no fim da tarde desta sexta-feira, a Justiça goiana bloqueou contas bancárias, arrestou bens e determinou a apreensão de aves.

De acordo com o jornal Folha de Tocantins, o Procon abriu uma investigação preliminar, dando prazo de 48 horas para que os representantes da empresa se pronunciem e informem dados sobre o número de animais existentes.

Segundo o site Goiás Net.com, o procurador da República em Goiânia, Hélio Telho, disse que a Avestruz Master já estava sendo monitorada pelos Ministérios Público Federal e Estadual desde abril.

O advogado da empresa teria sido contatado, mas alegou que não estaria mais a serviço da Avestruz Master. O novo assessor jurídico, por sua vez, disse que ainda não poderia falar porque estava acertando os detalhes de sua contratação.

Por telefone, um dos sócios dos escritórios de Uberlândia e Uberaba, Fabrício Tavares, disse que também ficou surpreso com os rumos tomados pela empresa, que tem sede em Goiânia. Ele explicou que saiu da sociedade dois dias antes do fechamento das portas, de acordo com o site Megaminas.

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Em março, a CVM chegou a alertar investidores, por meio de comunicado, para os riscos da aplicação. Na época, o então superintendente-geral do órgão, Roberto Tadeu Fernandes, disse que a garantia de rentabilidade era completamente irregular e que a recompra da ave a um valor mais alto no futuro era uma ilusão. Ele também levantou suspeitas sobre o fato de o Abatedouro Struthio Gold ser ligado à empresa.

O dono da Avestruz Master, Jerson Maciel da Silva, explicou que a empresa garantia que o casal de avestruz teria ao menos 15 filhotes e que, caso isso não ocorresse, o investidor seria reembolsado.

Investidores que buscam informações no site da empresa encontram um comunicado informando que houve falha na integração de sistemas entre as subsidiárias do grupo, o frigorífico e abatedouro Struthio Gold, o que teria causado transtorno na comercialização das aves. O comunicado também admite a devolução de diversos cheques por erro na provisão de recursos para as contas da empresa.

O site também informa que, desde então, a Avestruz Master passou a ser vítima de boatos, mas promete que as atividades serão normalizadas nesta segunda-feira.